Doria mostrou grandeza. E pode mostrar ainda mais
A renúncia era inevitável, mas é positivo para o Brasil e para o próprio João Doria que ela tenha vindo logo

João Doria jogou a toalha. Era inevitável.
Em que pesem os muitos acertos — entre outras coisas, realizou boa gestão em São Paulo e é o maior responsável por o Brasil ter a vacina contra a Covid —, Doria cometeu erros demais em sua trajetória.
Desentendeu-se com o padrinho Geraldo Alckmin a tal ponto que levou o tucano histórico a abandonar o partido pelo qual se elegeu governador de São Paulo nada menos do que quatro vezes. Hostilizou a cúpula do PSDB em diversas ocasiões. Jogou pesado nas prévias. Não construiu pontes. Chantageou o partido ao ameaçar permanecer no governo do estado.
E passou dois anos em guerra aberta com Bolsonaro, o que só beneficiou o presidente, que sabe jogar esse jogo melhor do que ninguém.
Ao fim e ao cabo, só Fernando Henrique Cardoso ainda apoiava João Doria. Um apoio valioso, mas insuficiente. Incapaz de seguir em frente, Doria mostrou grandeza em reconhecer a inviabilidade da candidatura e renunciar.
E mostrará grandeza ainda maior se engolir as mágoas e embarcar de corpo e alma na campanha de Simone Tebet. Sem contar que é a melhor coisa que pode fazer por seu futuro político.