‘Discussão delirante, esdrúxula, anacrônica, contraproducente’
Irretocável, Luana Araújo enterrou o negacionismo e a fábula do "tratamento precoce". E arrasou Jair Bolsonaro.
Luana Araújo não piscou, não gaguejou, olhou firme no olho do inquiridor, e não deixou pergunta sem resposta.
Esclareceu por que o modelo de testagem escolhido pelo governo está errado e não pode funcionar.
Explicou com clareza, minuciosamente, por que as medidas de isolamento e o uso de máscara são absolutamente necessários.
Mostrou que a ideia de “imunidade de rebanho natural” não faz sentido: além de o custo em vidas ser inaceitável, a capacidade de mutação do coronavírus é muito alta, capaz de criar novas cepas mais rápido do que a coletividade é capaz de alcançar a imunidade.
Descreveu o método científico, explicou o que é teste duplo-cego randomizado, ressaltou a importância da equivalência entre o grupo testado e o grupo de controle etc. etc.
Deixou claro que todo profissional de saúde é favorável a tratamento precoce — desde que tal tratamento exista. Mas que tal tratamento não existe.
Mostrou a diferença entre a autonomia pessoal do médico para (com a anuência do paciente) prescrever o que quiser, e a política pública de saúde, que tem a obrigação de seguir parâmetros científicos e recomendar medicamentos com eficácia comprovada — incidentalmente, desmascarou o hábito da tropa de choque bolsonarista de tentar misturar as duas coisas.
Enfim, explicou, diligentemente, uma série de coisas que até agora ninguém — espantosamente — tinha feito. E calou a tropa de choque.
E, apesar de não dizer isso expressamente, não deixou dúvida de que seu nome foi vetado pelo Palácio do Planalto e que Jair Bolsonaro interfere pessoalmente no Ministério da Saúde para impedir a formulação de uma política que tenha base científica, maximizando o número de mortes.
Luana Araújo foi irretocável.
E arrasou Jair Bolsonaro e sua conduta.