Bolsonaro e Pazuello: vacina em março; competência, nunca
Mas cabe perguntar se é só incompetência
Enquanto pacientes em Manaus fogem do hospital para, ao menos, morrerem perto de seus parentes, a Fiocruz anuncia que, dado o atraso no recebimento dos insumos da China (é, da China), a entrega das primeiras doses da vacina da AstraZeneca ficou para março. Isso se tudo der certo.
Não há tratamento (precoce ou não) porque, a despeito das falsas promessas de Bolsonaro e Pazuello, isso nunca existiu. Não há vacinas, nem seringas, nem agulhas, não há sequer oxigênio, porque Bolsonaro e Pazuello não se interessaram em providenciá-los a tempo.
O que há são mortos, 210 mil mortos. E doentes, incontáveis doentes. E uma pandemia que está longe de acabar.
Bolsonaro e Pazuello passaram quase um ano menosprezando os riscos da Covid-19, fazendo campanha contra o isolamento, estimulando aglomerações, sabotando o uso de máscaras, defendendo remédios inócuos e politizando a vacina.
Bolsonaro e o chanceler Ernesto Araújo estão há dois anos insultando e caluniando a China, e o resultado é que agora não têm sequer como interceder junto aos chineses para acelerar a entrega dos insumos.
Que Bolsonaro, Pazuello e Araújo são espetacularmente ineptos e incompetentes, e, respectivamente, o pior presidente da República, o pior ministro da Saúde e o pior chanceler da história do Brasil, não se discute.
O que se deve discutir é por que nossos parlamentares não enxergam na conduta de nosso presidente nada que justifique impeachment.
Ou por que a Procuradoria-Geral da República parece nada enxergar na conduta de nossos governantes — talvez indícios de imprudência, imperícia, negligência, infração de medida sanitária, falsidade ideológica, prevaricação — que justifique uma investigação.