Arthur Lira e Rodrigo Pacheco estão jogando um jogo perigoso

“O mandato outorgado pelo voto popular só pode ser retirado pela própria casa legislativa através da votação dos pares”, afirmou Rodrigo Pacheco. “’Só quem pode tirar mandato parlamentar é o Congresso Nacional”, ratificou Arthur Lira.

Se seu interesse fosse mesmo proteger as prerrogativas do Legislativo, Lira e Pacheco deixariam de lero-lero e articulariam a cassação de Daniel Silveira. Criminoso recalcitrante, autor do maior dos crimes de lesa-pátria, o deputado já deveria ter sido cassado há muito tempo.

Mas, claro, não é disso que se trata.

Pacheco e Lira estão menos preocupados em defender o Congresso do que em bajular o presidente de modo a manter intocado o acesso aos bilhões do orçamento secreto.

Os presidentes do Senado e da Câmara estão jogando um jogo perigoso, de viés suicida.

A sobrevivência da democracia depende da disposição dos democratas em defendê-la. Quando aqueles que deveriam defender a democracia mostram tibieza, estimulam os golpistas a tentar a sorte. E há golpistas demais no Brasil — a começar pelo presidente da República.

Churchill ensinou em 1940 que alimentar o crocodilo na esperança de não ser devorado não é boa estratégia: o máximo que se consegue é ser devorado por último. Mas nem mesmo com isso Pacheco e Lira podem contar.

Se Bolsonaro conseguir devorar o Supremo, como quer, ninguém estará protegido de ser devorado. E o Congresso — e, com ele, Pacheco e Lira — será o próximo da fila.