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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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VEJAM O QUE PENSAM E COMO AGEM OS “ESTUDANTES” DE ROSSI OU OS “GAROTOS” DE GASPARI

httpv://www.youtube.com/watch?v=RnljOrCf1b0   Vejam primeiro o filme acima. Depois voltem aqui. Quem fala ali é Claudionor Brandão, ex-funcionário da USP, mas ainda chefão do sindicato da universidade, e principal comandante daquela greve violenta e ridícula. Depois voltem ao texto. * Clóvis Rossi e Elio Gaspari podem se orgulhar. Aliados a Claudionor, que pode ser visto no […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h27 - Publicado em 15 jun 2009, 07h01

httpv://www.youtube.com/watch?v=RnljOrCf1b0

 

Vejam primeiro o filme acima. Depois voltem aqui. Quem fala ali é Claudionor Brandão, ex-funcionário da USP, mas ainda chefão do sindicato da universidade, e principal comandante daquela greve violenta e ridícula. Depois voltem ao texto.

*

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Clóvis Rossi e Elio Gaspari podem se orgulhar. Aliados a Claudionor, que pode ser visto no filme dizendo qual é o real objetivo de sua luta (volto ao tema depois), estão conseguindo dar alguma sobrevida àquela estupidez em curso na universidade. Um diz ser do tempo em que estudante tinha sempre razão. O outro chama a tropa de choque que intimida estudantes, professores e funcionários de “garotos”. O trio que hoje segura a “greve” acaba de ganhar duas adesões de peso.

Amanhã, às 10h, no Anfiteatro da Geografia da USP — a FFLCH é sempre a vítima dessa gente —, haverá um ato, como “eles” dizem, de “Repúdio à Repressão na Universidade”. Bem, finalmente ela apareceu, né? A estrela da festa será Marilena Chaui, aquela que estudou a ética em Spinoza para poder defender a turma de Delúbio Soares, Zé Dirceu, Silvinho Land Rover e os cuequeiros. O outro “resistente” é Antonio Candido, o bisavô de toda essa impostura. Este é um que até é dono de uma obra respeitável (eu não gosto, mas há quem aprecie com sinceridade), mas que põe a sua reputação a serviço das piores causas, como se verá adiante.

Nada a estranhar. Com já lembrei aqui, a intelectualidade como apparatchik chegou ao estado da arte durante o stalinismo. No excelente livro Stálin, A Corte do Czar Vermelho, Simon Sebag Montefiore relata a intimidade, por exemplo, do escritor Máximo Gorki com a ditadura comunista. Ele chegou a visitar, acreditem!, um campo de prisioneiros. Stálin já tinha iniciado a coletivização forçada da agricultura, matando às pencas, e carregava no bolso a sua carteirinha ensebada com o registro das reservas de ouro da URSS e dos campos de concentração (!), e Gorki estava lhe lambendo as botas. Tinha talento, mas era um canalha moral. Isso acontece. Cultura, inteligência, ilustração ou reputação não mudam a essência de um mau-caráter. Idade também não.

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Espero que os alunos da USP, os que querem estudar — a esmagadora maioria — resistam ao cerco dos “bolcheviques” — os de pança e os de butique.

Agora o vídeo
Viram?

Trata-se de um vídeo de 2007 com um flagrante de um “debate” havido no Sintusp, o sindicato de funcionários da USP, atualmente sob o controle da Liga Estratégica Revolucionária — uma dissidência à esquerda (se é que me entendem) do PSTU. Sim, eles acham que o PSTU é um partido muito moderado, que atrasa a revolução…

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Claudionor, que fazia manutenção de aparelhos de ar-condicionado na USP, é, atualmente, um “marxista-revolucionário” e o principal líder da greve. Outro companheiro seu fala em seguida. São os “estudantes” de Rossi. São os “garotos” de Gaspari.

Moacyr Aizenstein, professor da USP “de origem judaica” (como ele se define), pede a palavra e protesta, em termos educados, contra a distribuição de um panfleto do Sintusp que pregava, singelamente, a destruição do estado de Israel. Segue-se, como de hábito, uma gritaria dos diabos, que caracteriza a democracia dessa gente quando contrariada. O professor é impedido de falar. Bem, senhores… Claudionor toma a palavra. Temos, então, acesso a seu pensamento segundo ele próprio. Vejam o que pensa o “garoto de Gaspari”, o  “estudante de Rossi”. Transcrevo a fala para que fique registrada. Vai que o filme saia do ar. Claudionor dá a sua aula (em vermelho). Faço pequenas intervenções em maiúsculas:

“Não se tratava de mera solidariedade ao povo palestino, de mera solidariedade ao povo libanês. Se tratava [ELE FALA SOBRE O PANFLETO QUE PREGA A DESTRUIÇÃO DE ISRAEL!!!] de solidariedade aos trabalhadores do mundo inteiro. Porque aquela luta que nós fazemos aqui cotidianamente [CLAUDIONOR ESTÁ REVELANDO QUAL É A SUA PAUTA REAL], a luta contra a Alca e seu significado, a luta contra o sucateamento do serviço público, corte de verba, destruição da educação, da previdência, retirada de direitos, imposta pelo FMI e pelo Banco Mundial, essa luta que nós fazemos aqui cotidianamente na forma de greves, de piquetes, de boletins e de panfletos, ou seja, em última instância [ATENÇÃO AGORA, LEITOR], é uma luta contra as determinações do império norte-americano; aquela luta está sendo travada, neste momento, de armas na mão no Oriente Médio [ENTENDEU? HÁ UMA RELAÇÃO ENTRE A GREVE NA USP E A LUTA NO ORIENTE MÉDIO], no Líbano e na Palestina.
E nós não podemos deixar de ocupar a trincheira
[A TRINCHEIRA NA USP, CLARO, QUE NENHUM DESSES CORAJOSOS TERIA CORAGEM DE BOTAR O BARRIGÃO NO PALCO DA GUERRA]. A questão da destruição ou não do estado de Israel é que virou o centro da polêmica [OLHEM COMO ELE É SINGELO!!!]. Em primeira instância, é necessário ressaltar que [SEGURE O ESTÔMAGO, LEITOR], como marxistas revolucionários, nós defendemos a destruição de todos os estados [PAUSA] burgueses! De uma forma geral. E aqui dizer que o estado de Israel representa os interesses e as necessidades do povo judeu [VEJAM QUE CLAUDIONAR SABE QUEM REALMENTE DEFENDE O POVO JUDEU!!!] seria o mesmo que dizer que esse estado brasileiro representa os interesses e necessidades do povo brasileiro [GENIAL! O TÉCNICO DE AR-CONDICIONADO FOI SUBLIME NESSA…]. Representa nada! Representa os interesses e objetivos da burguesia brasileira. Assim como o estado de Israel representa os interesses objetivos da burguesia israelense [SIM, ELE DISSE ISSO!!!].
O Oriente Médio, ao contrário do que tenta nos fazer parecer, ao contrário do que tentam nos convencer o imperialismo norte-americano e o sionismo, não está dividido entre povos, judeus ou árabes, ou entre religiões distintas. Não é essa divisão que está colocada lá. Aquilo está dividido entre classes, certo? Está dividido entre burguesia e proletariado, está dividido entre burguesia subordinada ao imperialismo e burguesia que, por alguma razão local, resiste, em algum momento, à política do imperialismo. E daí a origem de todos os conflitos. Essa é a questão que tem de ser resgatada aqui. Porque, com certeza companheiros, não apenas enquanto houver o estado de Israel — enquanto houver o estado de Israel isso é mais grave —, mas, enquanto houver burguesia, enquanto houver capitalismo no Oriente Médio, não haverá paz entre os povos daquela região, como não tem havido paz entre povos de outras regiões do mundo.

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Entendi. Esse pupilo de Gaspari e Rossi oferece aquela que é, certamente, a mais original e, bem…, revolucionária teoria sobre o conflito israelo-palestino. Claudionar é um mestre, um pensador. Começo a entender as ações do Sintusp. E não sejamos preconceituosos. Nesse particular, a diferença entre ele e Marilena Chaui é que ela não sabe consertar aparelho de ar-condicionado. Mas faltava o toque do sublime, que Claudionor não soube dar. Quem veio completar a sua obra foi um certo Marco Antonio, representante na USP da Liga Bolchevique Internacionalista (LBI):

“O que é que está em jogo no Oriente Médio? Está em jogo reformular, reenquadrar, os interesses do Pentágono e da Casablanca (sic)… da Casa Branca na região. Tá em jogo dominar as reservas de petróleo e de água. Tá em jogo aniquilar qualquer possibilidade de um governo burguês, de um governo burguês [AQUI ELE USA O DEDO EM RISTE COMO ÊNFASE, PARA DIZER QUE EUA E ISRAEL SÃO HOSTIS ATÉ A ESTADOS “BURGUESES”], como o governo do Irã ou o governo da Síria, dizerem um “aí” frente a Israel, frente ao sionismo, frente ao imperialismo. Essa é a questão fundamental. Nós, da LBI, nos colocamos do ponto de vista da defesa do marxismo, da revolução e do socialismo. Mas não vacilamos em nenhum momento em nos colocarmos ombro a ombro, lado a lado [ATENÇÃO, LEITOR!], pela vitória militar do Hezbollah, pela vitória militar do Hamas e das organizações de resistência. Por quê? Porque uma derrota do imperialismo, uma derrota sobre o sionismo, vai [SEGURE-SE NA CADEIRA] alavancar a luta do proletariado latino-americano, dos companheiros da Volks [!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!], que estão sendo atacados agora; vai alavancar a luta contra a reforma trabalhista e sindical que Lula quer implementar em nosso país”.

Ele termina, e uma doida começa a gritar em sinal evidente de histeria:
“E viva o Hezbollah! E Viva o Hezbollah!”

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Maluquice e irrelevância
Eu nunca tinha pensado em relacionar a “vitória do Hezbollah” à luta do proletariado latino-americano e aos “companheiros da Volks”.  O tal Marco Antonio abriu a minha mente… Isso é maluquice? Julguem vocês mesmos. Isso é irrelevante? Bem, essa gente é quem é. E o que faz neste blog? Pois é…

Foram adotados por parte do jornalismo e do colunismo como paladinos das liberdades públicas. É o setor da imprensa que gente um verdadeiro frenesi ao provar que “é independente de Serra”, nem que isso custe passar a mão da cabeça a Liga Estratégica Revolucionária e da Liga Bolchevique Internacionalista (uma dissidência à esquerda do PCO… Calculem: até o PCO lhes parece moderado…). Amanhã, receberão o apoio dos companheiros Chaui e Candido, com, suponho, a cobertura da imprensa.

Ah, sim: o ombudsman da Folha reclamou da abordagem do jornal, que ele achou excessivamente centrada na questão policial. Ele quer mais destaque à pauta dos reivindicantes. Parece acreditar que Claudionor Brandão tem uma contribuição a dar à melhoria da universidade. E Claudionor já disse qual é: “essa luta que nós fazemos aqui cotidianamente na forma de greves, de piquetes, de boletins e de panfletos, ou seja, em última instância, é uma luta contra as determinações do império norte-americano”.

Que coisa, né? Esses caras são rejeitados pela esmagadora maioria da comunidade uspiana. Será que Rossi, Gaspari, Chaui e Candido vêem neles algo, assim, de “estratégico”? Será que já podem se candidatar a membros honorários da LER-QI?

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