VEJA 6 – Pânico
Por Duda Teixeira, da Cidade do México:Uma onda de medo se espalhou pelo mundo na semana passada à medida que uma epidemia de gripe registrada no México começou a se alastrar por outros países. A gripe suína, assim batizada por ter o porco como principal hospedeiro do vírus que a dissemina, é do tipo mais […]
Uma onda de medo se espalhou pelo mundo na semana passada à medida que uma epidemia de gripe registrada no México começou a se alastrar por outros países. A gripe suína, assim batizada por ter o porco como principal hospedeiro do vírus que a dissemina, é do tipo mais perigoso. Caso o paciente não receba tratamento adequado em 48 horas, é quase certa a incidência de uma pneumonia. Os pulmões ficam severamente comprometidos e a insuficiência respiratória torna impossível caminhar. O vírus é transmitido de pessoa para pessoa, e pode-se contraí-lo simplesmente ao apertar a mão de alguém infectado. Até a quinta-feira passada, no México, a gripe suína havia feito, oficialmente, oito vítimas fatais e levado aos hospitais outras 3?000. Foram relatados mais de 170 casos de contaminação em outros onze países (veja o mapa). Nos Estados Unidos, registrou-se o primeiro caso de morte pela gripe fora do México. Na quarta-feira, a Organização Mundial de Saúde elevou para 5 – numa escala de 1 a 6 – seu grau de alerta de que a onda de gripe suína pode se converter em pandemia, ou seja, uma epidemia que se dissemina por todo o planeta. Aos poucos, o medo se transformou em pânico. Por toda parte ressurgiu o espectro da pior epidemia do século XX, a gripe espanhola, que matou 50 milhões de pessoas nos cinco continentes.
As semelhanças realmente existem. A gripe espanhola de 1918 também eclodiu em um período de globalização, com os grandes navios transatlânticos e ondas migratórias sucessivas. Mas as diferenças são significativas. Naquele tempo, a informação se propagava mais lentamente que os vírus. Por isso, nos estágios iniciais, muitos países foram pegos de surpresa pela disseminação da doença.