VEJA 4 – Nas Páginas Amarelas, o secretário de Segurança do Rio
Por Ronaldo Soares: A semana passada começou bem para o secretário José Mariano Beltrame. A prisão do chefe do tráfico na favela da Rocinha foi destaque nos jornais e no horário nobre da televisão. Menos de 24 horas depois, referindo-se à dificuldade de planejar as ações em favelas devido às diferenças físicas e demográficas entre […]
Por Ronaldo Soares:
A semana passada começou bem para o secretário José Mariano Beltrame. A prisão do chefe do tráfico na favela da Rocinha foi destaque nos jornais e no horário nobre da televisão. Menos de 24 horas depois, referindo-se à dificuldade de planejar as ações em favelas devido às diferenças físicas e demográficas entre as regiões da cidade, Beltrame disse que “é diferente um tiro em Copacabana e um na Favela da Coréia” (Zona Oeste do Rio). E voltou às manchetes, desta vez acusado de discriminar os moradores de favela. São ossos do ofício de quem ocupa o cargo de maior visibilidade entre os responsáveis pela segurança pública no Brasil e não tem medo das conseqüências da guerra contra a bandidagem. “Hoje morrem dez. Se não fizermos nada, no ano que vem vão morrer vinte”, resume. Gaúcho de Santa Maria, 50 anos de idade e 27 de carreira na Polícia Federal, Beltrame tem uma rotina pesada. Acorda cedo, corre 5 quilômetros, trabalha pelo menos até as 21 horas. Em seu gabinete, no centro do Rio, Beltrame deu a seguinte entrevista a VEJA.Veja – O que é preciso fazer para derrotar os bandidos e restabelecer a ordem no Rio de Janeiro? Beltrame – O Rio chegou a um ponto que infelizmente exige sacrifícios. Sei que isso é difícil de aceitar, mas, para acabarmos com o poder de fogo dos bandidos, vidas vão ser dizimadas. O quadro é esse. Ao longo do tempo, as quadrilhas se fortaleceram a tal ponto que hoje têm a audácia de abanar armas para a polícia. Quando 350 policiais entram numa favela, 25 bandidos resolvem encará-los e fazem um estrago terrível. Recentemente, morreram doze pessoas nos confrontos da Favela da Coréia, na Zona Oeste. Mas, se não tivéssemos agido agora, no ano que vem morreriam 24. E, se esperássemos mais dois anos, seriam 36, e assim sucessivamente. É uma guerra, e numa guerra há feridos e mortos.Assinante lê mais aqui