Um dia depois de ação contra senadores, Cunha ironiza PF e MP: “Não sei o que querem comigo, mas a porta da minha casa está aberta; não cheguem antes das 6h para não me acordar”
“Eu não sei o que eles querem comigo, mas a porta da minha casa está aberta. Vão à hora que quiser. Eu acordo às 6h. Que não cheguem antes das 6h para não me acordar.” A fala é do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quando indagado se teme ser alvo da Operação Politeia, da […]
“Eu não sei o que eles querem comigo, mas a porta da minha casa está aberta. Vão à hora que quiser. Eu acordo às 6h. Que não cheguem antes das 6h para não me acordar.”
A fala é do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quando indagado se teme ser alvo da Operação Politeia, da PF, que executou mandados de busca e apreensão na casa de três senadores: Fernando Collor (PTB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra (PSB-PE).
Na entrevista concedida na segunda ao programa “Os Pingos nos Is”, que ancoro na Jovem Pan, Cunha havia deixado claro que se considera um alvo. Disse então: “Não tenho dúvida de que é um processo político que está por trás do meu caso, e não descarto desdobramentos políticos que ainda possam existir até porque a gente está em meio à eleição do Ministério Público, e querem me usar nesse processo”.
No dia seguinte, a PF desencadeou a dita “Operação Politeia”, que colheu três senadores da República. Todo o meio político de Brasília entendeu a ação como um recado, ainda no mesmo espírito da tal “Erga Omnes”: ninguém está a salvo.
Só para lembrar: em depoimento, Alberto Yousseff afirmou que o empresário Júlio Camargo, da Toyo Setal, lhe havia dito que Cunha recebera propina numa operação com aluguel de navios-sonda. Camargo, também ouvido em delação premiada, negou que isso tivesse acontecido. Chegou, no entanto, ao presidente da Câmara a informação de que o delator teria mudado a sua versão. Como as delações premiadas viraram uma “obra aberta”, tudo é possível.
O Planalto vê numa possível denúncia contra Cunha uma espécie de tábua de salvação. E gostaria que isso acontecesse bem depressa, antes que uma eventual denúncia contra Dilma por crime de responsabilidade chegue à Câmara.
Na volta do recesso, entram na agenda duas CPIs que o governo não gostaria de ver instaladas: a do BNDES e a dos fundos de pensão. Seria uma retaliação de Cunha, que considera que José Eduardo Cardozo está na raiz da inclusão de seu nome na lista de Rodrigo Janot? À Folha, ele nega: “Nenhuma CPI agrada ao governo. Haverá novas CPIs sem dúvida nenhuma até porque algumas estão encerrando agora. Em agosto, a fila vai andar”.
A “Os Pingos nos Is”, na segunda, Cunha afirmou estar absolutamente tranquilo e deixou claro que uma eventual denúncia contra si não terá serventia nenhuma ao governo.
Há quem diga que o clima pode até azedar um pouco mais.