Uma letra para Romão analisar e decidir em que horário pode ir ao ar:
Nana, neném, que a Cuca vem pegar.
Papai foi pra roça, mamãe foi cozinhar.
Bicho papão, sai de cima do telhado,
Deixa o menino dormir sossegado.
Alternativas:
( ) Censura livre. Trata-se de uma letra ingênua, pertencente ao folclore brasileiro.
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( ) Censura 12 anos. Como já diziam os latinos, “primus timor fecit primum deum”. O primeiro temor fez o primeiro deus. Trata-se, obviamente, de uma crendice do imaginário popular instrumentalizada pelas elites. A discriminação da mulher é evidente, e a visão de mundo é falocêntrica. O macho aparece como o provedor da casa, ficando reservado à mulher o papel de doméstica.
( ) Censura 18 anos. Além do que vai acima, observe-se: a criança está numa situação de óbvio abandono, o que fere o Estatuto da Criança e do Adolescente. É preciso entender a simbologia do “papão” em cima do telhado. “Papar” remete a comer, um verbo de amplo espectro, cuja conotação sexual, no entanto, é evidente. Trata-se de uma metáfora óbvia do molestamento infantil. A música é tão perniciosa quanto a história de Chapeuzinho Vermelho e o lobo, um notório pedófilo. Como Diogo deixou claro na coluna da semana passada, “se o Dops lulista achar que um programa cumpre sua ‘finalidade educativa’, com ‘respeito e estímulo à diversidade’, ele ganha pontos. Caso contrário, perde.” Se é assim, qual é a saída?
Substituir Nana, neném pelo Melô do Piripipi, de Gretchen, que deve ganhar pontos na classificação de Romão. Penso numa mãe de família, vestida com biquíni e meia arrastão vermelhos, com salto bem alto, embalando um bebê, num movimento de liberação de seu “eu interior”. A letra, fenomenal, é da própria Gretchen (bem como o francês):
Piripiripiripipiripi, Piripiripiripipiripi, Piripiripiripipiripi, pi! aii!
Piripiripiripipiripi, Piripiripiripipiripi, Piripiripiripipiripi, pi!
Oh, hum, ah!
Je suis la femme, ooô,
Je suis la femme, ooô,
Je suis la femme, ooô,
Oh, mon amour!
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Je suis la femme, ooô,
Je suis la femme, ooô,
Je suis la femme, ooô,
Oh, mon amour!
Oh, mon chéri! Chic, chic, chic!
C’est très jolie!
Très jolie!
Je suis la femme! Femme, femme, femme!
Après toi, moi! Moi, moi, moi!
Merci beaucoup! Coup, coup, coup.
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Oh, mon amour! Mon amour!
Rendre toi là! Là, là là!
Le chapeau noir!
Da próxima, proporei a Romão que empreste a “semi-ótica” lulista à mui didática Freak Le boom-boom