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Reinaldo Azevedo

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Tirem o colete de Minc e ponham uma camisa-de-força

Abaixo, há posts sobre o desmatamento da Amazônia, que pode ter crescido enormemente. Carlos Minc, desta feita, teve uma idéia sem a ajuda do Cérebro: prometeu caçar — e cassar — bois no pasto para punir os transgressores. E se o ministro, em vez de desfilar coletinhos descolados, começasse a exibir modelos de camisa-de-força? Apareceria […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 19h25 - Publicado em 3 jun 2008, 07h51
Abaixo, há posts sobre o desmatamento da Amazônia, que pode ter crescido enormemente. Carlos Minc, desta feita, teve uma idéia sem a ajuda do Cérebro: prometeu caçar — e cassar — bois no pasto para punir os transgressores. E se o ministro, em vez de desfilar coletinhos descolados, começasse a exibir modelos de camisa-de-força? Apareceria em público com variantes florais, zoológicas, geométricas… Seria um pequeno passo para o meio ambiente, mas uma revolução na psiquiatria.

O setor e uma barafunda, todos sabemos disso. Infelizmente, eu não confio nesses números porque já vêm calcinados pela ideologia. Todo o discurso está armado para condenar o “agronegócio”, que passou a ser o grande vilão desta ala do governo. Faz parte da nossa loucura. O mundo vive uma crise de alimentos. O país chicoteia seus produtores. Não estou defendendo que devastem a floresta para plantar grãos e bois. Mas reparem nas generalizações irresponsáveis.

Fala-se que o desmatamento pode bater recorde neste ano. Nesse caso, até afrouxo um pouco o nó do modelito de Minc. E Marina Silva, a Diana da Amazônia? Então foi na sua gestão, certo? Ela se pirulitou do ministério a tempo, é isso? Sabem o que me irrita profundamente nessa gente? O governo dispõe de meios — os repressivos mesmo — para meter em cana as pessoas envolvidas com a exploração ilegal de madeira. Elas, mais do que o agronegócio, respondem pela devastação da Amazônia. E, no entanto, são poupadas. Porque não têm rosto, já que se mantêm na clandestinidade. E o governo avança sobre os produtores rurais, estes, sim, com nome e endereço.

Mesmo quando era de esquerda — sim, não me orgulho, mas é fato —, nunca dei muita bola para essa gritaria. Já lhes disse: tenho aqui guardadas matérias dos anos 70 prevendo o fim da floresta amazônica até 2010. Vejam lá: apenas 15% da mata foi modificada pelo homem. Escrevi “apenas”? Sim. É claro que a ocupação da região tem de ser ordenada, o que nunca se conseguiu, mas estamos longe do apocalipse. Ademais, ou esterilizamos “os povos da floresta”, ou eles continuarão a se reproduzir e a necessitar de trabalho, fontes de renda — vocês sabem como são as ambições humanas…

Antes, na gestão Marina, tínhamos aquela coisa martirizada. Como disse Lula, ela era a cara do “meio ambiente”. Parecia mesmo a mártir da motosserra, sentindo as dores da seiva de cada árvore que tombava, com seu ar beato e sofrido. Agora, temos o “coroa do Rio”, com seus calores mentais que provocam arrepios. Em qualquer dos casos, seja na performance trágica, seja na chanchada, o que se tem é só gritaria. Qual é a proposta? Manter intocados os outros 85% da floresta? Então usem a ciência pra pensar e a força legítima para reprimir. E chega de performances teatrais!

A floresta já não agüenta mais tanta gente para protegê-la. Está farta de tantos carinhos.

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