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Reinaldo Azevedo

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Tesoureiro da campanha de Dilma que empreiteiro diz estar “preocupadíssimo” escreve carta aberta cobrando que o PT reaja à… direita golpista!!!

Ah, Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014 está inconformado com o que considera passividade de seu partido. Ele até redigiu uma carta aberta expressando esse seu inconformismo. Sim, claro, quer que os responsáveis pela roubalheira sejam punidos. Afinal, vocês sabem, ele é um homem honrado. Só não se conforma com o […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 01h54 - Publicado em 12 mar 2015, 05h40

Ah, Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014 está inconformado com o que considera passividade de seu partido. Ele até redigiu uma carta aberta expressando esse seu inconformismo. Sim, claro, quer que os responsáveis pela roubalheira sejam punidos. Afinal, vocês sabem, ele é um homem honrado. Só não se conforma com o que considera a paralisia da legenda.

Erros? Ele até admite alguns. Mas não os que vocês possam eventualmente estar pensado. O principal, segundo diz, é este: “Nunca na nossa história assimilamos com tanta facilidade o discurso oportunista de uma direita golpista e nunca estivemos tão paralisados”. Onde estaria a direita golpista brasileira? Certamente não são os empreiteiros, por exemplo. Boa parte está na cadeia, incapaz de dar um golpe, não é mesmo?

Edinho cobra uma reação do binômio PT/governo. Faz sentido. Ao longo de sua história, essa gente nunca distinguiu o aparelho partidário da máquina do estado. Para eles, tudo é uma coisa só. Devem-se somar à equação também as entidades sindicais e os ditos movimentos sociais — aqueles que formam, em suma, a nova elite patrimonialista brasileira. Como um aprendiz de Zé Dirceu, ele conclama: “É hora de pegarmos nossa história nas mãos e irmos para a luta política”. É o mesmo vocabulário.

Que coisa! A carta de Edinho vem a público dois dias depois de Pedro Barusco ter dito na CPI que a roubalheira institucionalizada na Petrobras começou mesmo em 2003, com a chegada do PT ao poder, e que, em 2010, a campanha de Dilma recebeu R$ 300 mil do esquema.

Edinho é um homem que enxerga conspirações continentais. Ele indaga: “Achávamos que a elite brasileira, insuflada por uma retomada das mobilizações da direita no continente, iria ficar assistindo nós nos sucedermos na presidência da República? (…) Achávamos que aqueles que hoje nos acusam, que também são os mesmos que armam trincheiras contra reformas estruturais, seriam benevolentes conosco?”.

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Como? Direita no continente? Edinho deve achar que, sem o concurso de reacionários, o povo venezuelano não estaria cobrando nem comida nem papel higiênico. A propósito: gostaria que este senhor enviasse uma carta ao blog — também quero divulgar no meu programa de rádio — revelando qual reforma estrutural o PT tentou fazer, malogrando em seu intento por obra de reacionários…

Edinho Silva, Edinho Silva… Ah, lembrei. Em seus manuscritos, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, ex-amigão de Lula e que está preso na PF de Curitiba desde novembro, registra: “Edinho Silva está preocupadíssimo. Todas as empreiteiras acusadas de esquema criminoso da Operação Lava-Jato doaram para a campanha de Dilma. Será que falarão sobre vinculação campanha x obras da Petrobras?”.

Pois é… Pessoa tentou fazer um acordo de delação premiada, que não foi adiante. Estava disposto a contar que doou R$ 30 milhões, pelo caixa dois, a campanhas eleitorais do PT, R$ 10 milhões dos quais teriam ido para a reeleição de Dilma. O tesoureiro era Edinho Silva, o homem que quer fazer a guerra do “nós” contra “eles”.

Definitivamente, Edinho é um deles, não um de nós.

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