STF abre inquérito e quebra sigilo de Demóstenes
Por Gabriel Castro, na VEJA Online: O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu oficialmente nesta quinta-feira inquérito contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O relator do caso, Ricardo Lewandowski, solicitou ao Banco Central (BC) dados de movimentações financeiras do parlamentar. O ministro também deferiu outros três pedidos do procurador-Geral da República, Roberto Gurgel: um pede acesso […]
Por Gabriel Castro, na VEJA Online:
O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu oficialmente nesta quinta-feira inquérito contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O relator do caso, Ricardo Lewandowski, solicitou ao Banco Central (BC) dados de movimentações financeiras do parlamentar.
O ministro também deferiu outros três pedidos do procurador-Geral da República, Roberto Gurgel: um pede acesso a informações sobre contratos celebrados por órgãos públicos com empresas privadas – não há detalhes sobre quais são. Além disso, Lewandowski pediu ao Senado a relação de emendas parlamentares apresentadas pelo senador Demóstenes – o que traz indícios de que os investigadores lançam suspeitas também sobre a aplicação desses recursos pelo senador. Por fim, o ministro do STF solicitou à Polícia Federal a degravação de 19 conversas telefônicas envolvendo Demóstenes.
O ministro negou, por outro lado, outros pedidos feitos por Gurgel, entre eles, o acesso automático a movimentações financeiras do senador e a autorização para que Demóstenes prestasse depoimento ao procurador. O relator do caso considerou que ainda é cedo para realizar a oitiva.
Acusações
O senador Demóstenes Torres foi flagrado pela Polícia Federal em conversas telefônicas com o empresário Carlinhos Cachoeira, chefe da máfia dos caça-níqueis em Goiás. Nas conversas, o parlamentar revela uma constrangedora proximidade com o criminoso.
O democrata trata de valores financeiros e negocia o uso de um avião de Cachoeira. Segundo o Jornal Nacional desta quinta-feira, o empresário também foi gravado tratando da divisão de recursos com comparsas. Em um dos trechos, ele faz menção ao “um milhão do Demóstenes”. O senador, que tem mantido o silêncio, disse em carta aos colegas estar sendo vítima de “ataques” e prometeu responder às acusações.
Calvário
O senador Demóstenes Torres foi atingido pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal. As autoridades desmontaram uma extensa rede criminosa comandada por Carlinhos Cachoeira, empresário e controlador da máfia dos caça-níqueis no estado de Goiás. Foram presos policiais militares, civis e federais que tinham participação no esquema. Mas a maior surpresa veio de conversas entre Demóstenes Torres e Cachoeira, interceptadas pelos policiais. Além de ter recebido do criminoso um presente de casamento no valor de 30 000 dólares, o senador foi flagrado pedindo auxílio financeiro e negociando o uso de um jatinho de Cachoeira.
Novas conversas de Cachoeira reveladas pelo Jornal Nacional desta quinta-feira tornaram a situação do senador ainda mais complicada. O chefe da quadrilha aparece negociando recursos com comparsas e, em vários trechos, cita o nome do parlamentar. Carlinhos Cachoeira chega a falar em “um milhão do Demóstenes”. Horas antes, o PSOL entregou ao Conselho de Ética do Senado um pedido de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar. E o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o parlamentar.
Esperava-se que Demóstenes, sempre ágil para cobrar esclarecimentos do governo, se dispussesse a responder às denúncias publicamente. Em vez disso, tem evitado a imprensa e, desde que as denúncias se agravaram, só se comunicou por uma carta evasiva enviada aos colegas.