Sim, eu votaria contra! Por uma questão de decoro
Muitos leitores, a maioria de boa-fé, acha que estou sendo um tanto radical ao criticar a possível construção de um centro cultural islâmico ali pertinho do Ground Zero, a metros de onde ficavam as Torres Gêmeas, que foram ao chão em razão dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, que mataram mais de […]
Muitos leitores, a maioria de boa-fé, acha que estou sendo um tanto radical ao criticar a possível construção de um centro cultural islâmico ali pertinho do Ground Zero, a metros de onde ficavam as Torres Gêmeas, que foram ao chão em razão dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, que mataram mais de três mil pessoas. Eu nem havia me posicionado claramente, o que é raro no meu texto, mas aproveito para fazê-lo: se eu votasse, seria contra, sim.
E pouco me importa que o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, judeu e apoiado pelos republicanos, seja a favor. Eu, obviamente, não apóio tudo o que apóiam “conservadores” ou supostos conservadores ou combato tudo o que eles combatem. Ocorre freqüentemente de eu concordar com eles — mas, às vezes, sou uma pouco, sei lá como dizer, mais severo.
Esse debate está muito marcado por emocionalismos, patrulha politicamente correta, multiculturalismo cretino etc. E, às vezes, é preciso levar a oposição estrutural ao limite para que se possa chegar à sua essência. Quantos aí consideram que seria apropriado construir um Centro de Valorização da Boa Cultura Germânica (só da boa, reitero!!!) ao lado de um dos campos de Auschwitz? Não! Não estou comparando as duas tragédias. Apenas submeto a questão a uma aceleração para que fique claro do que estamos falando.
Há centenas de outros lugares em Nova York, inclusive na ilha de Manhattan, em que se pode construir o centro — e sem a oposição de ninguém. Por que justamente ali? Nem sempre o legal ou o politicamente correto corresponde ao decoroso.
E pouco me importa, também, quão bem-intencionadas possam estar este ou aquele. Esse não é o ponto. O que se tenta é fazer o debate essencial girar em falso. Os americanos têm direito a seu luto e a sua memória. Os islâmicos pacifistas que querem o seu centro cultural têm, sim, o direito de construí-lo, mas não à custa de cobrar uma compreensão extra às vítimas — além daquela que já obtiveram. Em vez de pedirem uma vez mais a generosidade do outro, que esses líderes religiosos sejam então generosos e compreendam o trauma alheio.
PS – Os que se opõem ao centro já disseram e escreveram muita bobagem? Sem dúvida! Mas os que são favoráveis também. A bobagem não é monopólio de ninguém.