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Reinaldo Azevedo

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Sarney deve se afastar da presidência do Senado, diz Simon

No Estadão Online: O senador Pedro Simon (PMDB-RS) subiu à tribuna nesta quinta-feira, 25, e pediu para que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) saia do cargo. “Eu digo aqui com profundo sentimento de mágoa, não gostaria de dizer o que vou dizer: Sarney tem que se afastar da presidência. Já falei isso, não da tribuna, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h23 - Publicado em 25 jun 2009, 18h34

No Estadão Online:
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) subiu à tribuna nesta quinta-feira, 25, e pediu para que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) saia do cargo. “Eu digo aqui com profundo sentimento de mágoa, não gostaria de dizer o que vou dizer: Sarney tem que se afastar da presidência. Já falei isso, não da tribuna, mas falei. Ele deve se afastar. Para o bem dele, da família dele e do Senado. Não que a saída dele signifique auto-culpa, punição, pelo contrário. Representa ato de grandeza”, defendeu Simon. Ele disse que “Sarney é responsável pelo lixo, sim”. “Todos somos, principalmente o presidente do Senado. É muito bom ser presidente para fazer política. Mas é importante ver onde está o lixo”, afirmou.

Pouco antes, em entrevista ao estadao.com.br, Simon explicou que tomou a decisão de ir à tribuna  após a nova denúncia publicada em O Estado de S. Paulo, segundo a qual um neto de Sarney – José Adriano Cordeiro Sarney – é um dos operadores do esquema de crédito consignado para funcionários da Casa.  para Simon, Sarney já dá sinais de que também quer se afastar.

Ainda em defesa da saída de Sarney, que é do seu partido, Simon afirmou que é melhor o senadore deixar a presidência agora “antes que sua situação fique totalmente insustentável”: “Ele tem que sair”, repetiu. Simom lembrou que a crise vem de longa data. “Essa crise, dizem que vem de 15 anos. Há 15 anos foi o primeiro mandato como presidente do Senado (do Sarney). Ele escolheu o senhor Agaciel (Maia, ex-diretor-geral).” E lembrou que o ex-diretor ficou na função mesmo com a passagem de outros presidentes: ACM, Renan Calheiros, Garibaldi Alves.

Simon citou a nova denúncia que envolve o neto do senador e uma outra que envolve um ex-motorista de Sarney. “A biografia do rapaz (neto), eu achei espetacular. A atividade dele também. Mas se vamos apurar o que o Estadão e a Folha colocarem na manchete, não é bom que o avô esteja na presidência. Não fica bem para ele, não é interessante para ele. Já tem que ver o mordomo, que dizem que é da filha. Ele diz que é motorista do Senado. Mas tem que ver. É cada dia uma manchete, e cada dia uma questão diferente. Olha estou aqui, não vou ler. Mas todas estão aqui. A culpa é do mordomo, é o que a imprensa está colocando”, afirmou.

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O peemedebista questiona Sarney: “Mas senador, o senhor não sabia do ato secreto? Não sabia dos funcionários? Que tinha negócio de banco? Que outros bancos entraram para fazer empréstimo? O senhor não sabia? E cai no ridículo: ‘Eu não sabia’. E cita a falta de credibilidade do Senado por conta das denúncias. “Ninguém acredita em nós nesta Casa ou em coisa nenhuma. Primeiro gesto do presidente Sarney, que é de grandeza, é ele se afastar. Não foi ele que foi analisar se o problema com filho dele está certo ou errado, mas não é ele quem vai responder isso. Analisar o problema com o mordomo, do diretor- geral. Que se afaste”, voltou a dizer.

Simon comparou a situação atual com a CPI dos Anões do Orçamento. “Ali, cassamos 14 parlamentares, fizemos uma limpa naquela comissão, fizemos uma limpa pra valer. Acho que vamos ter coragem pra fazer isso”, continuou.

O senador em seu discurso citou reportagem do Estado sobre os atos secretos da Casa: “Em primeiro lugar é a comissão de funcionários que vossa excelência (Heráclito Fortes) apresentou. Eu li com calma. É um trabalho, um trabalho burocrático. Pegou uns 900 atos e ainda assim com equívocos que não sei quem fez. O meu caso está lá como ato secreto. Não teve ato secreto nenhum. Fui lá ver qual o ato que foi publicado: é que eu fui indicado para membro da comissão de 180 anos do Senado Federal. Eu vou culpar o Estadão porque botou: Pedro Simon é um dos 40 beneficiados com ato secreto? Não posso culpar. Por que vou culpar? Está lá, as coisas aconteceram. Mas vou culpar a maneira como essas coisas são feitas”.

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O PSOL informou que vai entrar com representação no Conselho de Ética do Senado contra contra Sarney e contra os ex-presidentes Renan Calheiros (PMDB-AL) e Garibaldi Alves (PMDB-RN). Internamente, o PSOL discute se as representações serão protocoladas nesta quinta-feira, 24, como defende Heloisa Helena, ou se na próxima semana. A representação do PSOL pode obrigar Sarney a se afastar. Uma resolução do Senado prevê afastamento preventivo quando membro da Mesa Diretora é alvo de processo.

Na opinião de senadores, a denúncia é grave. O senador Renato Casagrande (PSB-ES) acredita que o “presidente Sarney está chegando ao limite”. Está chegando a um ponto que ele querendo ou não querendo, os fatos vão atropelá-lo. Não conversei com meu partido ainda (sobre pedir a saída), mas a minha interpretação é que está chegando ao limite”.

Casagrande, nega, no entanto, que haja um movimento articulado pedindo a saída de Sarney. “Não tem um movimento articulado, uma decisão de um grupo de forma coletiva da situação do presidente. O que está claro é que a situação do presidente está cada vez mais frágil, de insustentabilidade política.”

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O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou que a situação de Sarney com a nova denúncia caminha para a “inviabilidade”. O senador voltou a cobrar respostas imediatas e drásticas por parte de Sarney. “Não sei se é licença ou renúncia. Mas ele está indo mal e precisa responder com urgência. O que se desenha é uma crise institucional. Creio que seja a maior que já vi depois da ditadura militar. É uma crise maior que a do mensalão, porque envolve agora um poder mais fraco do que o Executivo”, ressaltou.

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