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Reinaldo Azevedo

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Rumo à reeleição, Cristina Kirchner deve ampliar poder em votação de hoje

Por Ariel Palacios, no Estadão (Aqui): “Hegemonia kirchnerista” e “hiperpresidencialismo” são as expressões que integrantes da oposição argentina usam para definir o cenário político que surgiria hoje com a virtual reeleição da presidente Cristina Kirchner. Segundo as pesquisas, Cristina venceria com uma proporção que oscilaria entre 51% e 57% dos votos, embora alguns analistas afirmem […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h24 - Publicado em 23 out 2011, 06h37

Por Ariel Palacios, no Estadão (Aqui):
“Hegemonia kirchnerista” e “hiperpresidencialismo” são as expressões que integrantes da oposição argentina usam para definir o cenário político que surgiria hoje com a virtual reeleição da presidente Cristina Kirchner. Segundo as pesquisas, Cristina venceria com uma proporção que oscilaria entre 51% e 57% dos votos, embora alguns analistas afirmem que poderia chegar aos 60%.

Nenhum partido da oposição conseguiria, sozinho, na melhor das hipóteses, mais de 17% dos votos. A presidente, que nos últimos dois anos havia ficado em minoria no Parlamento, conseguiria uma confortável maioria em ambas câmaras na votação de hoje. Em um novo mandato, Cristina teria uma margem de manobra política que nenhum governo teve desde o presidente Juan Domingo Perón nos anos 50.

Dessa forma, a presidente conseguiria para o kirchnerismo outros quatro anos no poder. Somados ao período de governo de seu marido, o ex-presidente Nestor Kirchner (2003-2007), e seu primeiro mandato, esta reeleição possibilitaria um total de 12 anos de kirchnerismo. Isso implicaria no período mais prolongado na história argentina de um mesmo grupo político no poder de forma ininterrupta nos últimos 150 anos.

A hegemonia que surgiria hoje nas urnas está criando um clima político favorável aos planos de setores do governo de tentar uma reforma constitucional que permita uma segunda reeleição de Cristina em 2015.

“Uma democracia real na Argentina tem base na reeleição indefinida”, afirmou Ernesto Laclau, filósofo preferido de Cristina. Ele disse que “quando se constrói a possibilidade de um processo de mudanças ao redor de um nome determinado, se esse nome desaparece, o sistema fica vulnerável”. Segundo o filósofo, se Cristina se “eternizar” no poder não será algo que vá contra o sistema democrático.

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Parlamento. Na Câmara, Cristina, por intermédio de seu partido, o Justicialista (Peronista), em conjunto com seus aliados, passaria das atuais 116 cadeiras para um total de 132. Os partidos da oposição, em conjunto, cairiam das atuais 141 cadeiras para 125.

No Senado, o governo havia ficado em minoria após as eleições parlamentares de 2009. No entanto, ao longo do último ano, conseguiu atrair o voto de dois senadores, um deles o ex-arquiinimigo do casal Kirchner, o ex-presidente e senador Carlos Menem. Dessa forma, atualmente possui 37 cadeiras, contra as 35 da oposição. Após as eleições deste domingo, o governo Kirchner conseguiria aumentar seu peso para 38 cadeiras.

O professor de relações internacionais da Universidade Católica Argentina Jorge Liotti disse ao Estado que, além de “aprofundar o modelo econômico”, o governo tem a ambição de “aproveitar a ausência de contrapesos políticos da oposição para ocupar maiores espaços de poder”. Neste contexto, segundo ele, o governo considera que o diálogo com a oposição é desnecessário.

Os analistas não descartam que as proporções a favor de Cristina, especialmente na Câmara de Deputados, aumentem mais nos próximos meses, já que preveem um êxodo de membros da oposição para o governo. Nas últimas semanas, diversos peronistas dissidentes deixaram de lado suas antigas diferenças com Cristina e voltaram para o seio do governo, que – pragmaticamente, sem rancor político – os recebeu com os braços abertos.
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