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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Repórter do Estadão fala bobagem sobre Ideb e ainda tenta constranger secretária de Educação

Alguns dirão que tratarei de um problema do rio da minha aldeia. Não! Vocês verão que se trata de uma questão de alcance nacional. O jornalismo vive uma fase de estarrecer. Acreditem: nunca antes na história destepaiz se viu algo parecido.  Vejam como Dois Córregos, a minha terra, anda sendo notícia, não? Cinco horas depois […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 14h26 - Publicado em 25 ago 2010, 18h58

Alguns dirão que tratarei de um problema do rio da minha aldeia. Não! Vocês verão que se trata de uma questão de alcance nacional.

O jornalismo vive uma fase de estarrecer. Acreditem: nunca antes na história destepaiz se viu algo parecido.  Vejam como Dois Córregos, a minha terra, anda sendo notícia, não? Cinco horas depois de eu ter informado aqui que recebi da Câmara o título de “Cidadão Emérito”, o repórter Fábio Mazzitelli, do Estadão, também se lembrava do meu torrão natal. E escrevia uma “reportagem” com o seguinte título: “Cidades com apostila têm queda no Ideb”. O Ideb é o “Índice de Desenvolvimento da Educação Básica”.

Não é que seja difícil ensinar a certo “jornalismo” técnicas de apuração e cuidado com os números: É APENAS INÚTIL. Por quê? Porque, para essa gente, a informação que vá para o diabo. O que interessa é o lobby ideológico. Vamos ao caso? O texto de Mazzitelli segue em vermelho. Eu vou de azul. Acompanhem todos os passos de uma pequena farsa, mas que é sintoma de uma grave doença.

Duas cidades paulistas que apostam em sistemas apostilados e já foram destaque nas avaliações educacionais do País tiveram quedas significativas no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), de 2009. Dois Córregos e Santa Fé do Sul, no interior do Estado, não atingiram as metas do Ideb no ensino fundamental. Santa Fé cogita deixar o sistema apostilado e voltar a aderir ao livro didático.
Vênia máxima, a informação, como está aí, é uma pilantragem. Atenção: a meta do país é atingir a nota 6 no Ideb em… 2022!!! Dois Córregos, que obteve o índice de 5,6, está muito acima da média nacional, que foi de 4,6 em 2009 — e o governo bateu bumbo porque essa era a meta para 2011! Prestem atenção ao que segue.

Os dois municípios fazem parte do grupo das 143 prefeituras paulistas que não aderiram neste ano ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). O PNLD gasta R$ 1 bilhão por ano na distribuição gratuita de cerca de 130 milhões de livros às escolas públicas do País, de ensino fundamental e médio.
Aí está o maior escândalo da “reportagem”. Atenção: em 2007, a escola municipal de Dois Córregos obteve o índice de 7,1 no Ideb nos primeiros anos do ensino fundamental, superior ao de muitos países ricos. OCORRE QUE A CIDADE USA AS APOSTILAS DESDE 2005, ano em que atingiu 6,3, ficando em quarto lugar no ranking nacional. Se acidade atingiu o topo em 2007 usando a apostila, certamente não foi a apostila que a levou a ter uma queda, certo rapaz? Mazzitelli falou com a secretária de Educação de Dois Córregos. Mas ele não estava interessado em ouvir o que ela tinha a dizer. Ele queria vender uma tese a ela. Vamos seguir.

Prefeituras que deixam o programa param de receber um material sem custo aos cofres municipais para pagar por sistemas que vendem apostilas e capacitação de profissionais.
A efetividade do material, que estrutura as aulas por capítulos e direciona o trabalho do docente, gera divergências entre os educadores. Os defensores apontam maior organização didática e garantia do ensino de um conteúdo mínimo. Os críticos reclamam da falta de autonomia do professor e da escola e da qualidade das apostilas.
Eis aí. O repórter está apenas se alinhando com os críticos dos cursos apostilados, uma militância que parte, entre outros esquerdopatas,  da Apeoesp. Também o Ministério da Educação não se conforma que alguns municípios resistam a seu espetacular “modelo”. É uma vergonha que uma reportagem utilize a queda no índice do Ideb de duas acidades para atacar o sistema de apostilas. Qual é a base dados do sr. Mazzitelli? Uma pesquisa séria realizada pela Fundação Lemann prova que o repórter está errado. Dados divulgados em junho deste ano evidenciam que a adoção de apostilas provocou um aumento de cinco pontos nas notas dos alunos na Prova Brasil, exame nacional que avalia os conhecimentos de matemática e língua portuguesa.

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Após atingir um dos índices mais altos do País nos anos iniciais do fundamental no Ideb 2007 (7,1), Dois Córregos caiu para 5,6 e ficou um ponto abaixo da meta de 2009. “O problema não foi a apostila. São outras variáveis que determinaram essa queda”, justifica Rosa Laura Garcia Calacina, secretária de Educação.
Agora está explicado. Dois Córregos, que estava no topo — e que lá chegou usando o sistema de apostilas — sofreu uma queda… usando o sistema de apostilas A sua “meta”, no caso, era até um pouco inferior ao patamar a que já havia chegado. Se, com apostila, chegou a 7,1 e, com as mesmas apostilas, foi para 5,6, algo deve explicar esse desempenho que não a… apostila!!! É ou não é, Mazzitelli? Onde foi que você aprendeu lógica?

O repórter falou com Rosa Laura, a secretária de Educação da cidade, com quem também falei. Ela lhe explicou que, em 2009, o município assumiu quatro escolas estaduais, três delas com desempenho abaixo de 5 no Ideb. No exame de 2009, todas ficaram acima de 5 (superando a média e a meta nacionais). A sua explicação não apareceu na reportagem. Afinal, o texto tem uma tese: apostila faz mal à educação, embora Dois Córregos, antes e agora, seja uma prova do contrário.

É uma vergonha que as coisas se dêem desse jeito. Não só isso: na conversa com Rosa Laura, Mazzitelli, convertido de repórter em bedel, praticamente deu uma bronca na secretária: “A senhora vai continuar nessa posição intransigente de não usar os livros didáticos?” Quem não concorda com Mazzitelli, com a Apeoesp e com o Minitério da Educação Petista é “intransigente”, AINDA QUE APRESENTE RESULTADOS MUITO SUPERIORES. A cidade de Dois Córregos elevou o índice do Ideb de quatro escolas que foram municipalizadas. Em um ano, e com dois anos de antecedência, superaram a meta nacional para… 2011. E, por isso, apanhou da reportagem.

Isso não é jornalismo, é militância. E não adianta choramingar. O sr. Mazzitelli pode, sim, tentar me contestar. Para tanto, tem de provar que:
1 – o desempenho do Ideb de duas cidades basta para provar a ineficiência das apostilas;
2 – a apostila é a responsável pelos 5,6, mas não era a responsável pelos 7,1;
3 – a apostila fez mal para as escolas estaduais municipalizadas, embora elas tenham saído do patamar de pouco mais de 4 para mais de 5 no período de um ano.

Mazzitelli não vai provar nada disso porque ele não pode e porque a sua matéria é tendenciosa e errada.

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Alguns dirão que estou aqui fazendo proselitismo da minha província. Uma ova! A tese de que a adoção de apostilas tira a “criatividade” do professor e engessa o seu trabalho é coisa de vigaristas e preguiçosos, que querem continuar enganando em sala de aula. Uma das desgraças da educação brasileira é não haver a definição de um currículo mínimo que seja obrigatoriamente cumprido. Parte-se do princípio de que todo professor é Schopenhauer. Bastaria chegar na sala de aula e fazer o download da genialidade. Aos diabos! Parte da mão-de-obra tem o nível daqueles analfabetos que postam comentários no blog de certa senhora errada, ligada à Apeoesp.

Sim, o fato de eu conhecer o trabalho que se faz na cidade ajuda a denunciar a vigarice. O meu desafio está feito. Já provei que Mazzitelli está errado e que fez mau jornalismo — ou melhor: má militância. Ele que tente agora provar que o errado sou eu. Dois Córregos continuará a fazer o bom trabalho na educação que caracteriza a cidade há uns bons anos.

Se o ministro Fernando Haddad quiser saber como faz, falo lá com o “meu povo” (petralha não vai entender que é um chiste), e a turma ensina o caminho ao “cut-cut” da Educação. Mas vai ter de ficar sentadinho, prestando atenção, caladinho. Em Dois Córregos, a gente é muito tradicionalista! Por lá, quem sabe ensina e quem não sabe aprende. Mazzitelli não sabe, não quis aprender e ainda tentou ensinar bobagens à secretária de Educação. E, por isso, escreveu besteira.

O Estadão deve à cidade uma reportagem reparando o erro e deve à educação uma outra tratando com responsabilidde os cursos apostilados. Mas isso é tarefa para o jornalismo, não para a militância.

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