Recado a um Zé Mané
Um Zé Mané manda um chororô nos comentários, lembrando que, em 1999, cinco médicos cubanos foram contratados para trabalhar na cidade de Arraias, em Tocantins. E diz ele: “Reinaldo Azevedo não falou nada”. Sugere que o que acho ruim no governo do PT eu achava bom no governo FHC. Vá catar coquinho na beira do […]
Um Zé Mané manda um chororô nos comentários, lembrando que, em 1999, cinco médicos cubanos foram contratados para trabalhar na cidade de Arraias, em Tocantins. E diz ele: “Reinaldo Azevedo não falou nada”. Sugere que o que acho ruim no governo do PT eu achava bom no governo FHC. Vá catar coquinho na beira do brejo, rapaz! Desconheço as condições em que chegaram aqueles cinco médicos a Tocantins (e não 4 mil). Se o ente remunerado era o governo cubano, não eles próprios; se obedeciam às ordens de Cuba, não às do Brasil; se estavam impedidos de ir e vir e se não passaram por nenhum teste de proficiência, então era a mesma porcaria, só que em escala ínfima. Se não critiquei, é porque nem fiquei sabendo.
Mas qual é a sua hipótese, Zé Mané? Por que você não procura saber tudo o que escrevi sobre o governo FHC nas revistas República e Primeira Leitura, antes de sair boquejando por aí? Dirigindo esta última, publiquei, por exemplo, primeira grande reportagem (de capa) antecipando a crise de energia de 2001, chamando a atenção para todos os erros que o governo havia cometido. Também editei o primeiro texto de fôlego com uma análise nada lisonjeira do bolsismo, que resultaria no Bolsa Família. E tudo no governo FHC.
Você, rapaz, que mandou o comentário, é leitor, está na cara, daquelas revistas, blogs e sites sustentados com dinheiro de estatais e de gestões petistas e pensa que todo mundo é igualmente vagabundo. Lá, sim, encontram-se ex-notórios críticos do petismo e que se tornaram agora fanáticos defensores. Não por acaso, com patrocínio, entre outros, da Caixa Econômica Federal. Há lá naquele meio gente que Lula processou pessoalmente por calúnia e difamação. Hoje, o ex-presidente não pode tomar um banho de mar, com a água, ali, pouco abaixo da linha da cintura, sem que eles morram afogados.
Pensava sobre o governo e sobre o estado, na gestão tucana, o mesmo que penso sobre o governo e o estado na gestão petista. Pensava sobre o PT de oposição o mesmo que penso sobre o PT de situação. Se você está a fim de enfiar o dedo na cara de alguém, vá procurar essa corja que você anda lendo que acusava Lula e os petistas de cometer os piores crimes quando eles estavam fora do poder. E que, agora, com eles no poder, os consideram a própria emanação, quem sabe encarnação, do divino. Mas com o patrocínio de bancos federais e gestões petistas.
Essa gente pode até ter criticado o PT de graça lá no passado remoto — isso não sei. Mas que o elogio tem preço, ah, isso tem. Tanto quanto tem preço o ódio que devotam a setores da oposição e da imprensa. Entendeu, Zé Mané, ou agora quer um desenho?