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Quo usque tandem, Dilma Falcoque, abutemini patientia nostra?

Pois é… Uma ligeira adaptação de uma das Catilinárias do grande Cícero contra Catilina. Quem era Catilina? Uma espécie, assim, de mistura de Guilherme Boulos com João Pedro Stedile da Roma antiga. O quê? Vocês pensam que esses tipos representam alguma novidade na história? Que nada! Mas sigamos com a tradução, né? “Até quando, Dilma […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h54 - Publicado em 9 out 2014, 07h37

Pois é… Uma ligeira adaptação de uma das Catilinárias do grande Cícero contra Catilina. Quem era Catilina? Uma espécie, assim, de mistura de Guilherme Boulos com João Pedro Stedile da Roma antiga. O quê? Vocês pensam que esses tipos representam alguma novidade na história? Que nada! Mas sigamos com a tradução, né? “Até quando, Dilma e Falcão, vocês abusarão da nossa paciência?”

O busílis é o seguinte: na noite desta terça, a Polícia Federal flagrou no aeroporto de Brasília um avião que transportava R$ 116 mil em dinheiro vivo. O turboélice tinha saído de Belo Horizonte. Até agora, não se sabe a origem da grana. Mas se sabe quem estava dentro: Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Benê, empresário de Brasília com negócios no governo federal; Marcier Trombiere Moreira, funcionário de carreira do Banco do Brasil, deslocado depois para a assessoria especial do ministro das Cidades, Gilberto Occhi, e dali guindado para a campanha eleitoral de Fernando Pimentel, governador eleito de Minas, e um certo Pedro Medeiros.

Até aí, bem. Ocorre que o tal Benê atuou na campanha eleitoral do governador eleito de Minas, o petista Fernando Pimentel. Ainda é pouco para resumir a sua biografia. Em 2010, descobriu-se que ele financiava um grupo clandestino que estava encarregado de fabricar um dossiê contra o tucano José Serra, então candidato à Presidência. Esse grupo clandestino operava dentro do comitê de campanha de Dilma, que era chefiado, então, por… Pimentel. A biografia de Benê ainda pode ser engordada. Empresário obscuro do setor gráfico, virou um potentado na era petista: nos dois mandatos de Lula, suas empresas faturaram em contratos com o governo, a maioria sem licitação, R$ 214 milhões. No governo Dilma, não ficou na chuva: já abiscoitou R$ 109,6 milhões. Ah, sim: em 2010, o tal Benê pagava o aluguel de uma casa que servia à campanha do PT e também o da moradia da então candidata Dilma Rousseff.

Rui Falcão foi indagado sobre o estranho episódio e se saiu com uma resposta do balacobaco: “Prenderam 110 e pouco mil reais em um evento ligado a campanha do deputado eleito Bruno Covas. Isso não me leva a fazer qualquer vínculo dessa apreensão de dinheiro com o deputado Bruno Covas. Então se prenderam esse dinheiro, é preciso saber que não é crime transportar dinheiro desde que se explique a origem. Não venham colocar isso na conta do PT”.

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Como? Que estranho modo de raciocinar, não é? Então porque Rui Falcão não atacou Bruno Covas no caso da apreensão de um dinheiro com alguém ligado à sua campanha, nada se pode cobrar do PT a respeito desse estranho episódio, envolvendo um empresário umbilicalmente ligado ao partido e com negócios milionários com o governo? Se eu levar ao pé da letra o que ele diz, então concluo que um petista só pode ser chamado à responsabilidade se, antes, ele tiver acusado algum tucano. Tenham paciência! Não é raciocínio de um Falcão, mas de uma toupeira lógica.

Jornalistas fizeram o seu trabalho e perguntaram a Dilma se Pimentel poderia ser afastado da coordenação de sua campanha. Com a simpatia costumeira que essa gente tem com a imprensa, respondeu de forma ríspida: “É tudo o que vocês queriam, não é? Por que eu afastaria o Pimentel? Você já condenou?”. Ora, por que os repórteres quereriam afastar Pimentel? Ele até é um homem educado no trato com a imprensa, que desperta simpatias. Ocorre que o assunto é enrolado, né? E a governanta foi adiante:
“Eu confio, sim, no Pimentel. Acho que o Pimentel é uma pessoa interessantíssima [para] que se pergunte se eu quero afastar ele da minha campanha. Por quê? Porque ele foi o governador que derrotou o candidato do Aécio Neves?”.

Não, candidata Dilma! A pergunta só lhe foi feita porque se considerou pouco convencional que um dos assessores de campanha de Pimentel desembarque em Brasília, vindo de Belo Horizonte, com R$ 116 mil em dinheiro vivo. Ainda mais quando o rapaz em questão já faturou R$ 109,6 milhões em contratos no seu governo. Mesmo que Pimentel tivesse sido derrotado pelo tucano Pimenta da Veiga, a questão existiria.

Texto publicado originalmente às 22h45 desta quarta
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