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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Quando setores da imprensa decidem ser estúpidos, não há políticos que os superem: são imbatíveis! Ou: A pergunta intelectualmente delinquente sobre rompimento de contratos. Ou: Eles têm inveja da Mídia Ninja

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, fez a coisa certa e anunciou que vai processar a Siemens pela, até onde se sabe, confissão de que participou de cartel. Trata-se de uma posição correta e corajosa, própria, aliás — ou se poderá dizer o contrário? —, de quem não tem nada a temer. A decisão […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h37 - Publicado em 14 ago 2013, 03h33

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, fez a coisa certa e anunciou que vai processar a Siemens pela, até onde se sabe, confissão de que participou de cartel. Trata-se de uma posição correta e corajosa, própria, aliás — ou se poderá dizer o contrário? —, de quem não tem nada a temer. A decisão tomou a imprensa filopetista de surpresa. Como certos setores do jornalismo concorrem, no momento, com a Mídia Ninja — tentando ser intelectualmente ainda mais delinquente —, surgiu uma questão que só poderia ter sido parida pela cabeça de um energúmeno petralha: “Mas o governador vai romper os contratos em andamento com a Siemens?”.

Não fosse uma questão ditada pela má-fé, seria uma pergunta asinina. Como é que se romperiam contratos outros, sobre os quais não há suspeita de irregularidades? Curioso: vocês ouviram alguém perguntar para Dilma Rousseff se ela iria romper contratos com a Delta, por exemplo?

ATENÇÃO! Mesmo quando se processa uma prestadora de serviço, uma fornecedora ou uma empreiteira contratadas por irregularidades no serviço, na mercadoria ou na obra, isso não implica necessariamente o rompimento de contrato. O que o governador alegaria? Com que base legal? A má-fé consiste em tentar ler a decisão como se fosse coisa de fachada, de brincadeirinha. Trata-se de um esforço para plantar na cabeça do telespectador, do leitor ou do internauta, que não são especialistas em leis, a suspeição: “Ah, se fosse coisa séria, ele romperia…”.

Romper um contrato supõe multas milionárias, interrupção de serviços essenciais, atraso em obras. E tudo por quê? As investigações do Cade, que se saiba, se concentram no período 1998-2008 — e não se restringem, ou não deveriam se restringir, a São Paulo.

Não largar o osso
Sabem o que é isso? Disposição de não largar um osso que já não está dando mais caldo. Afinal, o que é que se pretende noticiar? “A Siemens e o governo atuaram em conluio.” Se o governador decide processar a empresa, o suposto conluio se desfaz e, como diria Capilé, os concorrentes do Mídia Ninja “entram numa crise narrativa”. Então cumpre levantar uma questão asnal — “vai romper o contrato?” — para ver se o assunto rende mais um pouco.

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O nome disso? Prestação de serviço ao PT. O gênio que teve a ideia de lançar a questão deveria antes consultar a legislação vigente. Mas é claro que isso é coisa de antigamente, quando jornalista nem era ninja nem era militante de partido disfarçado de repórter.

De resto, há setores da imprensa que, patrulhados pelo PT e acusados de tucanos, fazem de tudo para provar a seus maus juízes que isso não é verdade. E, quanto mais provam (e, portanto, se ajoelham), mais lhes é pedido. Com o tempo, os joelhos vão adquirindo uma casca, a coluna vai se adaptando, e a etapa seguinte, que é ficar de quatro, já não parece ser assim algo tão humilhante.

Não! Alckmin não vai romper os contratos. Não vai porque seria ilegal. Mas vai processar a Siemens pelos crimes que, tudo indica, a empresa confessou.

A imprensa costuma ser bastante dura com os políticos, no que faz bem. Boa parte deles é mesmo de amargar. Mas, quando setores da imprensa decidem ser estúpidos, não encontram concorrentes. Uma pergunta que deveria envergonhar o autor acaba pautando outros de inteligência semelhante e idêntica má-fé.

Texto publicado originalmente às 21h50 desta terça
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