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Reinaldo Azevedo

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Publicitário deixa campanha de Alckmin e ataca serristas

Por Renata Lo Prete, na Folha. Volto depois: O marqueteiro Lucas Pacheco está fora da campanha de Geraldo Alckmin, que disputa a Prefeitura de São Paulo pelo PSDB. Em entrevista à Folha, ele culpou os tucanos ligados a José Serra pelas dificuldades enfrentadas pela campanha.Pacheco, que será substituído por Raul Cruz Lima, critica sobretudo os […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 5 jun 2024, 23h32 - Publicado em 10 set 2008, 07h11

Por Renata Lo Prete, na Folha. Volto depois:

O marqueteiro Lucas Pacheco está fora da campanha de Geraldo Alckmin, que disputa a Prefeitura de São Paulo pelo PSDB. Em entrevista à Folha, ele culpou os tucanos ligados a José Serra pelas dificuldades enfrentadas pela campanha.
Pacheco, que será substituído por Raul Cruz Lima, critica sobretudo os “lobos em pele de cordeiro” -referência velada a José Henrique Reis Lobo, presidente do PSDB municipal e secretário do governador.
FOLHA – O que deu errado?
LUCAS PACHECO –
Desde o princípio entendi que o Geraldo corria em faixa própria. Costumava dizer que estávamos na Castelo Branco. À direita, o prefeito, contando com a simpatia da máquina estadual. À esquerda, a candidata do PT, também numa faixa muito bem pavimentada. Para nós sobrou o canteiro central: a grama. Eu dizia que o Geraldo era o candidato off-road.
FOLHA – E por que não funcionou?
PACHECO –
Nossa estratégia se baseava em quatro pontos. Primeiro: o Geraldo colocar o dedo na ferida, apontar os graves problemas que a cidade tem. Porque isso aqui não é “Alice no País das Maravilhas”. Segundo: apresentar propostas viáveis, criativas. Terceiro: resgatar a obra do Geraldo. Afinal, ele estava um pouco esquecido. Mostrar o que ele já fez, aliado a todos os atributos positivos e à baixa rejeição que ele tem. Quarto -e mais importante: resolver a equação política.
(…)
FOLHA – Mas isso não é um dado de realidade, uma vez que o partido está na prefeitura e, ao mesmo tempo, Alckmin resolveu disputar a eleição?
PACHECO –
O que sustenta uma campanha é o pilar político. Há um segundo pilar, que envolve mobilização, organização, recursos, e um terceiro, que é a comunicação. Mas o fundamental é o pilar político.
FOLHA – Qual foi a linha decidida antes de o programa de TV estrear?
PACHECO –
O primeiro programa foi para o ar em 20 de agosto. Reapresentava o Geraldo ao eleitor. No segundo programa, dois dias depois, começamos a executar a estratégia de colocar o dedo na ferida. Dos problemas da saúde, da educação. O Tobias da Vai-Vai cantava um samba quase fúnebre que dizia que faltam mais de cem mil vagas nas escolas e nas creches. No dia seguinte, um sábado, o mundo tucano-kassabista, ligado ao governo do Estado, caiu sobre a cabeça do candidato. Começou uma pressão insuportável. Diziam que estávamos batendo na gestão do Serra na prefeitura. Estávamos mostrando os problemas. Não dá para fazer campanha autista.
(…)
FOLHA – Como o sr. responde ao que dizem que a propaganda de Alckmin é tecnicamente ruim?
PACHECO – Não temos os recursos das outras duas campanhas, feitas, aliás, por dois profissionais por quem tenho o maior respeito [João Santana, de Marta Suplicy, e Luiz Gonzalez, de Kassab]. E temos menos tempo. Tinha de adotar uma estética mais próxima da vida das pessoas que sofrem. Mas os lobos em pele de cordeiro conseguiram contaminar o noticiário com a versão de que havia crise de formato, não de conteúdo. Vi coisas nesta campanha que fariam o malufismo corar.
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Comento
A fala deste senhor é o samba-do-marqueteiro-doido. Não por acaso, deu no que deu. Vamos ver. Antes de qualquer coisa, é preciso dizer: mesmo com a postulação de Alckmin sendo um produto bem difícil de vender, a verdade é que a propaganda era ruim de doer. Foi o casamento perfeito da falta do que dizer com a falta de dinheiro e a falta de imaginação. Convenham: havia até desenho animado sem animação, com um adulto, em off, imitando a voz de uma criança. De chorar.

Marqueteiros, como vocês vêem, atuam também como conselheiros. Sim, eles têm a pretensão de ter a fórmula da vitória. Nos Estados Unidos, os candidatos têm, sim, seus homens de propaganda, seus especialistas em opinião pública. Mas a linha política é dada por gente com formação bem mais graúda. No Brasil, publicitário vira especialista em política. Não é que a tarefa esteja acima de suas forças, não. É que são coisas de naturezas distintas.

E o tal Pacheco que me perdoe, mas os seus conselhos foram ruins. Se ele admite que a questão da sustentação política é central numa campanha, imaginava o quê? Atacar a gestão que também foi de José Serra e pedir o apoio de… José Serra? Eu entendi errado, ou ele discorda de que Marta devesse ser o principal alvo de Alckmin? Pelo visto, foi atendido. O tucano deixou a petista de lado e passou, sim, a atacar a Prefeitura, levando ao ar testemunhos de pobre chorando, uma velharia “marquetológica”.

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E Alckmin subiu? Não! Ele caiu. E o que pensava o especialista? Ah, dobrem a dose do remédio, que vai dar certo. Reclama ainda de um PSDB dividido. Ué, ele não sabia? Talvez pudesse entrar para a história como o primeiro marqueteiro a conduzir uma campanha contra o partido do próprio candidato…

Alckmin tem ainda um recall e tanto. Vai-se recuperar? Vamos ver. Uma coisa é certa: fez até agora todas as bobagens que estavam a seu alcance. E a maior delas foi deixar de lado a adversária do seu partido e investir contra o próprio patrimônio. Seu ex-marqueteiro, pelo visto, achou que ainda foi pouco.

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