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Reinaldo Azevedo

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Por que eles mudaram de idéia – 2

Se vocês recuperarem as explicações que “eles” davam enquanto me acusavam de estar a serviço de Daniel Dantas, verão que diziam que os fundos de pensão continuariam a ter um papel importante na nova empresa, depois da fusão. Os fundos, de fato, foram os grandes protagonistas da guerra do governo contra Daniel Dantas. Acontece que, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 19h59 - Publicado em 14 jan 2008, 16h43
Se vocês recuperarem as explicações que “eles” davam enquanto me acusavam de estar a serviço de Daniel Dantas, verão que diziam que os fundos de pensão continuariam a ter um papel importante na nova empresa, depois da fusão. Os fundos, de fato, foram os grandes protagonistas da guerra do governo contra Daniel Dantas.

Acontece que, quando a operação toda ficou clara, restou evidente que, na “nova empresa”, os fundos teriam muito menos poder. Na prática, é o seguinte: depois de Sérgio Rosa, da Previ (o fundo de pensão do Banco do Brasil), ter comandado a guerra santa contra Dantas, os grandes beneficiários, no fim da história, seriam — ou serão — Carlos Jereissati e Sérgio Andrade. Luiz Gushiken, o homem dos fundos, parece que retirou o time de campo e se converteu, vamos dizer, ao pragmatismo. Sempre é bom lembrar que o BNDES, maior acionista da Oi, também é o financiador da operação.

O que parecia ser, para “eles”, um grande negócio começou a assumir a cara de um grande risco. Uma coisa é ser porta-voz dos fundos, que, vá lá, mimetizam ao menos uma ideologia de defesa dos interesses da pátria e estão vinculados à aristocracia sindical; outra, bem distinta, é ficar sob a guarda de dois empresários, como direi?, carnívoros, famosos pela determinação com que cuidam de seus interesses. Quanto tempo duraria a farra que mantém o capilé de anões, mascates e tocadores de tuba? Cumprida a tarefa, o mais provável é que recebessem um pé no traseiro. Até porque, barulhentos e incompetentes, seriam aliados incômodos.

Há mais uma surpresa nisso tudo: Daniel Dantas, o satã de plantão, é favorável à operação. Já se publicou que pode lucrar R$ 1 bilhão com a operação. Não! Vai lucrar R$ 2 bilhões. E não vê a hora de cair fora do negócio. ENTENDERAM? EU, ACUSADO DE ESTAR A SERVIÇO DE DANIEL DANTAS, OPUS-ME A UM NEGÓCIO DEFENDIDO POR DANIEL DANTAS. Não é mesmo sensacional?

O fato é o seguinte: caso Lula faça o decreto Telemar, a sua Lei Fleury, os fundos de pensão terão sido usados para o governo se livrar de Daniel Dantas (que sai com uma bolada e quer mudar de assunto), terão servido de bobos da corte da Oi/Telemar e ainda ficarão como minoritários na nova megaempresa — que será formada sob os auspícios da grana farta do BNDES. Nesse novo modelo, quem é que precisa de palhaços, anões, mascates e tocadores de tuba?

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Para mim, o roteiro acima explica que se possa ser radicalmente a favor da operação na quarta e na quinta e radicalmente contrário na sexta e no sábado. Mas fiquem calmos: eles podem mudar de novo de opinião. Tudo depende das garantias que os novos controladores eventualmente ofereçam.

Tio Rei é diferente. Foi contra na quarta, na quinta, na sexta, no sábado, no domingo, na segunda… E continuará contrário amanhã, depois e depois também. Na minha república, as leis dão o formato dos negócios, mas os negócios não dão o formato da lei. O meu negócio é jornalismo, mas o jornalismo não é meu negócio.

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