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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Petrobras: na melhor das hipóteses, o desemprego; na mais dura, a cadeia

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato do PSDB à Presidência da República, afirmou que o governo federal precisa decidir qual versão, afinal de contas, é a oficial na lambança com a refinaria de Pasadena, no Texas — aquela sucata comprada dos belgas por US$ 1,180 bilhão e pela qual os vendedores haviam pagado míseros US$ […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 04h13 - Publicado em 20 mar 2014, 18h23

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato do PSDB à Presidência da República, afirmou que o governo federal precisa decidir qual versão, afinal de contas, é a oficial na lambança com a refinaria de Pasadena, no Texas — aquela sucata comprada dos belgas por US$ 1,180 bilhão e pela qual os vendedores haviam pagado míseros US$ 42,5 milhões. Sim, caros leitores, nem a presidente Dilma, que autorizou a compra era apenas a ministra Dilma, acha a operação defensável. Tanto é assim que, em nota oficial, afirmou que só concordou porque ignorava os termos do contrato. Vai mais longe: diz que, se soubesse, não teria aprovado.

Pois é… Acontece que, ao dar essa desculpa, a presidente faz o óbvio: admite, de forma não explícita, a irregularidade e joga uma sombra de suspeição sobre o governo Lula e sobre José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras. Este, aliás, que hoje é secretário do governo Jaques Wagner (outro conselheiro que disse “sim” à lambança), já andou afirmando a jornalistas que não aceita ser bode expiatório. Ele, na verdade, continua a defender a compra.

A Petrobras, diga-se, procurada pela imprensa, também havia decidido afirmar que tudo tinha sido regular e nos conformes. Dilma não gostou. Reuniu seus “universitários” para elaborar a tal versão do “eu não sabia”. Aí as coisas se enrolaram de vez: ela diz uma coisa, e a empresa, outra.

Como se sair dessa? Para defender que uma refinaria que valia US$ 42,5 milhões tenha sido comprada por US$ 1,18 bilhão — e sem que tenha refinado uma gota de óleo desde 2006, dando um prejuízo operacional permanente —, é preciso ter uma cara de pau gigantesca. Não que o governo Dilma não consiga. Essa gente faz coisa do arco da velha. É capaz até de contratar mão de obra escrava e chamar isso de redenção humanista. Ocorre que o governo está com receio da investigação conduzida pelo Ministério Público e pelo TCU. Como justificar? A aritmética elementar não deixa.

Pasadena é mais um capítulo do desastre que colheu a Petrobras na gestão lulista, sob o comando de José Sérgio Gabrielli. Nem durante a ditadura militar a empresa foi submetida a um comando que teve de arrogante o que teve incompetente e politiqueiro. Como esquecer que este senhor, em plena campanha eleitoral, em 2010, concedeu uma entrevista afirmando que FHC tentara privatizar a Petrobras, o que é uma mentira tão escandalosa como a compra da refinaria de Pasadena?

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Não só isso! Quando jornalistas tentavam saber dados sobre a empresa, suas perguntas eram expostas num blog e submetidas ao ridículo, como se a imprensa, ao cumprir a sua missão, estivesse cometendo alguma impropriedade. Como esquecer que, no governo Lula e sob a gestão Gabrielli, com a anuência de Dilma, chegou-se a declarar a autossuficiência? Autossuficiência? O déficit da conta petróleo em 2013 foi de R$ 20 bilhões!!!

Mais: impôs-se a uma Petrobras alquebrada o peso do regime de partilha na exploração do pré-sal e se transformou a empresa na âncora de contenção da inflação, o que a conduziu à beira do abismo. A incrível compra da refinaria de Pasadena é só mais uma agressão ao bom senso, à prudência, à boa gestão e, obviamente, à moralidade.

Num país que respeita os acionistas, como os EUA, os gestores da Petrobras que levaram a empresa a uma crise inédita estariam, na melhor das hipóteses, sem emprego; na mais dura, na cadeia.

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