PESQUISAS: MODOS DE USAR
O programa político do PT vai ao ar na quinta-feira. Lula aparece como o Guia Genial do Povo — antes dele, era o caos —, e Dilma, como a sua continuadora. Não! Ela será apenas seu instrumento. Em seguida, o instituto Vox Populi vai a campo. Em seguida mesmo: logo na sexta, com o programa […]
O programa político do PT vai ao ar na quinta-feira. Lula aparece como o Guia Genial do Povo — antes dele, era o caos —, e Dilma, como a sua continuadora. Não! Ela será apenas seu instrumento. Em seguida, o instituto Vox Populi vai a campo. Em seguida mesmo: logo na sexta, com o programa ainda fresquinho na cabeça de muitos telespectadores.
Especialistas nesse tipo de levantamento dizem que uma pesquisa feita logo depois do horário político — desde que o enredo da ficção seja bom; e o PT, nessa área, é melhor que os Barretões — pode agregar até cinco pontos a uma candidatura. O Vox Populi costuma captar índices positivos para o petismo. Vamos ver com os seus números estarão ajustados aos de outros institutos.
Será que o Vox Populi acrescentará os cinco pontos aos supostos 21,7% de Dilma apontados pelo CNT-Sensus ou aos 17% apontados pelo Ibope? Chuto que optará pela média: 21,7 mais 17 igual a 38,7; 38,7 divididos por dois igual a 19 e poucos; 19 e poucos mais cinco igual a 24 e poucos; arredondando-se, chega-se a 25. Pronto: 25% é um bom índice para fechar o ano na hipótese em que o candidato tucano seja Serra. Ambiciosos tentariam acrescentar mais uns dois ai: “Não dá para fazer por 27%?” Com Aécio, ela ultrapassará facilmente o umbral dos 30%.
Educação pelo índice
Sou contra quaisquer tentativas de limitar a liberdade de fazer pesquisa. Sou favorável a que o leitor e o eleitor aprendam a se instruir sobre como trabalham os institutos. Há pesquisas que são feitas para produzir um resultado, e há pesquisas que buscam ser fiéis ao que pensa o eleitorado num determinado momento.
No fim das contas, quase todos acertam fazendo uma conta “de chegada”: vão ajustando os seus números à realidade, contando com a margem de erro como muleta. Como ela costuma ser de dois pontos para mais ou para menos, há um intervalo de quatro para “acertar” cada candidatura. O que é preciso saber é que pesquisa também pode servir PARA FAZER política, não apenas para RETRATAR a vontade do eleitor.