Paladinos das próprias mitologias
Aí um leitor me desafia a listar nomes de pessoas que tenham praticado atentados terroristas e sido, posteriormente, beneficiadas por indenização ou pensão. Como assim? TODAS as pessoas que participaram da luta armada — ou seus familiares — que pleitearam receberam o benefício. Alguns poucos abriram mão. O caso mais notório, emblemático mesmo, é o […]
Lamarca, sem dúvida, é um caso interessante. Esse patriota, democrata, humanista, paladino da liberdade, herói da resistência, Saint-Just dos injustiçados, mártir do bem, poeta da nova aurora matou a coronhadas, depois de rendido, o capitão da PM Alberto Mendes Júnior. Nada de tiro de misericórdia, não. Coronhadas de fuzil. Depois deve ter ido escrever cartas de amor para excitar a imaginação revolucionária das mafaldinhas carentes de alguém que endureça sem perder a ternura. Não tenho paciência pra isso, não. Não tenho saco para essas vigarices. Matou também um soldado de 18 anos, Mario Kozel Filho, que teve a má sorte de estar de plantão no dia que o facínora decidiu atacar um quartel. Um garoto ainda.
O que é que há? Deixem quieta a Lei da Anistia. Parem com esse vitimismo vagabundo. Ou teremos agora de desenterrar o passado facinoroso de muito herói que está aí posando de democrata. A “causa” da liberdade justificava seus excessos? Que liberdade? A do comunismo? Então eu digo: tanto quanto o combate ao comunismo justificativa o excesso dos outros. Ou seja: ERA TUDO INJUSTIFICÁVEL. Mas não: criminosos são os outros. Pois bem: aguarda-se, agora, um livro patrocinado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos com os nomes dos mortos na luta contra a esquerda. E vamos ver o que eles receberam como benefício.
Deixem quieta a Lei da Anistia. E ouçam bem: há muito esquerdista que inflou o seu passado heróico que está preocupado com a possibilidade de que se abram pra valer os arquivos. Algumas reputações vão para o ralo. Houve, sim, muita brutalidade no período. Mas, também, é fato, em alguns casos, o máximo de dificuldade enfrentada pelo colaborador foi dividir com os “agentes da repressão” o cafezinho frio da burocracia.