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Reinaldo Azevedo

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Os “petralhas” da Argentina agora dizem que Cristina é que é vítima do promotor “suicidado”

A canalha é igual em toda parte. Então vamos ver. Alberto Nisman, promotor que investigava a ação do governo de Cristina Kirchner para encobrir as pegadas do Irã num atentado terrorista contra uma entidade judaica — 85 mortos —, aparece morto em seu apartamento um dia antes de apresentar ao Congresso as provas que dizia ter. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h16 - Publicado em 23 jan 2015, 16h41

A canalha é igual em toda parte. Então vamos ver. Alberto Nisman, promotor que investigava a ação do governo de Cristina Kirchner para encobrir as pegadas do Irã num atentado terrorista contra uma entidade judaica — 85 mortos —, aparece morto em seu apartamento um dia antes de apresentar ao Congresso as provas que dizia ter. O governo logo se apressou em cravar que fora suicídio, antes mesmo de qualquer perícia. A penca de evidências de que foi assassinado aumenta a cada dia. No Brasil, a canalha faria o quê?

Ora, o que está fazendo na Argentina: acusando a existência de uma conspiração contra… Cristina Kirchner! Já vimos esse procedimento por aqui muitas vezes, não? Logo depois do mensalão, cavalgaduras intelectuais e morais como Marilena Chaui lançaram a teoria do “golpe da mídia, da direita e da oposição” contra o PT. Vale dizer: o comando do partido é flagrado em atos explícitos de corrupção, mas a culpa deve ser atribuída a seus adversários. Tentou-se fazer o mesmo com o petrolão: tudo não passaria de uma grande armação dos que quereriam privatizar a Petrobras.

Uma nota do Partido Justicialista acusa o suposto monopólio da mídia (sempre ela!), juízes e promotores de tentar organizar um golpe contra… Cristina! Haveria um movimento para desestabilizá-la e para enlameá-la. Entenderam? Aquele que havia se constituído no maior risco à reputação da mandatária leva um tiro na cabeça, mas ela é que passa a ser a vítima. Assim como, no Brasil, o PT se declarou vítima — com Lula à frente da gritaria — do imbróglio do mensalão. Não faz tempo, em recente encontro com dirigentes petistas, o Babalorixá de Banânia recomendou que a companheirada andasse de cabeça erguida. Também o petrolão seria uma construção artificial de adversários.

Na Argentina, quem comanda a “reação” é o movimento La Cámpora, uma facção do Partido Justicialista comandado por pistoleiros, a começar do filho da presidente, Máximo Kirchner. O La Cámpora reúne a escória do governismo. É uma espécie de milícia, fartamente financiada com dinheiro oficial, para patrulhar a imprensa, atacar com baixarias inomináveis os adversários do governo, acusar conspirações etc. A pauta número um dos vagabundos é controlar a imprensa. Isso lhes soa familiar? O La Cámpora é a versão argentina dos petralhas.

O texto bucéfalo que ataca os adversários de Cristina e defende a presidente teve a delicadeza de lamentar a morte de Nisman só no 10º parágrafo. Essa banda — ou bando — do Partido Justicialista é a expressão argentina de um tipo de patifaria e de delinquência políticas que se espalha América Latina afora: junta em doses iguais banditismo político, populismo safado e esquerdismo ignorante.

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