Os abacaxis
Vistas as coisas no detalhe — e não deixa de ser uma pena, para o país, que a oposição esteja preocupada com outros assuntos —-, os “abacaxis”, para usar a expressão do ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, já começam a aparecer. Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse o óbvio: será preciso cortar gastos, […]
Vistas as coisas no detalhe — e não deixa de ser uma pena, para o país, que a oposição esteja preocupada com outros assuntos —-, os “abacaxis”, para usar a expressão do ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, já começam a aparecer. Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse o óbvio: será preciso cortar gastos, o que vai acabar afetando o andamento de obras do PAC. Como parte do marketing lulista assegura que o Brasil é uma locomotiva que não pára, o próprio Babalorixá veio a público para desmentir o atual e futuro ministro: ninguém toca no PAC. Dado que, em 2011, formalmente ao menos, Mantega estará no governo, e Lula não, dá para saber com quem está a verdade. O mais espantoso: diante das duas avaliações, contraditórias, o leitor pôde ouvir o silêncio da presidente eleita.
Hoje foi a vez de Paulo Bernardo, ainda no Planejamento e futuro ocupante do Ministério das Comunicações, anunciar que houve um erro de imodestos R$ 12 bilhões nas receitas brutas estimadas no Orçamento de 2011. O anúncio foi feito na visita à Comissão Mista do Orçamento. Segundo o ministro, isso é mesmo um “abacaxi”. Pois é… Aquele cenário róseo, sabem?, da presidente eleita que pegaria uma herança bendita e poderia botar fogo na fornalha, acelerando a locomotiva, começa a dar sinais de que estava mais superestimado do que o próprio Orçamento de 2011.
Volto ao assunto mais tarde. O governo oferece alguns bons motivos às oposições. No momento, no entanto, elas estão dedicadas a combater seus inimigos internos. É discutível se cada povo tem o governo que merece. Mas quase sempre merece uma oposição melhor do que a que tem.