ONU teme politização do debate sobre etanol
Por Lisandra Paraguassú, no Estadão:O tom das declarações sobre as causas da inflação mundial de alimentos começou a preocupar o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon. Em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no fim da tarde de ontem, na embaixada brasileira em Roma, Ki-Moon revelou temor de que a “excessiva politização” […]
O tom das declarações sobre as causas da inflação mundial de alimentos começou a preocupar o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon. Em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no fim da tarde de ontem, na embaixada brasileira em Roma, Ki-Moon revelou temor de que a “excessiva politização” das posições apresentadas na cúpula tome lugar das soluções práticas para a crise. Ouviu de Lula que a posição brasileira será “científica”, sem paixões e emoções.
Em conversas anteriores, o secretário-geral da ONU já demonstrou simpatia pela posição brasileira e revelou não ser uma visão generalizada do órgão apontar a culpa da inflação de alimentos diretamente para os biocombustíveis, apesar de mais de um relatório ligado às Nações Unidas ter batido na tecla. No entanto, Ki-Moon pretende ver sair desse encontro do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, sigla em inglês) soluções práticas além do tiroteio entre as acusações ao etanol e aos subsídios agrícolas dos países ricos, a posição brasileira.
O governo brasileiro devolve a acusação de politização do debate para os acusadores. “Para nós, excessiva politização são as pessoas que esquecem os subsídios agrícolas e o impacto do preço do petróleo e buscam nos biocombustíveis um fantasma para ser condenado”, disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao fim do encontro entre o presidente e Ban Ki-Moon. “Eu acho que o recado era para outros, os que ficam dizendo que os biocombustíveis causam o aumento de preços.”