Olhem eu aqui a dizer que um ministro de Lula está certo…
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Por Ana Luísa Westphalen, no Estadão On Line:
A principal meta do ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, na coordenação do Plano Amazônia Sustentável (PAS) será desenvolver “uma estratégia de zoneamento para a Amazônia com floresta e outra para a Amazônia sem floresta”, declarou nesta segunda-feira, 26, à Rádio Eldorado. “Vamos acabar com essa ficção de haver uma guerra entre ambientalistas e desenvolvimentistas. Esse não é o problema. O problema é que nós ainda não formulamos as medidas necessárias nem para defender a floresta, nem para desenvolver a Amazônia”, avaliou.
De acordo com o ministro, o projeto para a região florestada é organizar um manejo sustentável que tenha por base um regime tributário e regulatório, “capaz de assegurar que a floresta em pé valha mais do que a floresta derrubada”. Já para a zona desmatada, Mangabeira pretende traçar as bases de uma agricultura de alto valor agregado, com intensificação da pecuária e indústrias que transformem produtos agropecuários e produtos minerais.
O coordenador do PAS declarou ainda que acredita na relação entre a taxa de desemprego e o desmatamento das florestas nativas: “A Amazônia não é apenas uma coleção de árvores, é também um grupo de pessoas, e se os brasileiros que moram lá não tiverem oportunidades econômicas serão inexoravelmente levados a atividades desordenadas que produzirão o desmatamento”.
Sobre a criação de uma guarda nacional para atividades de preservação, Mangabeira considerou precipitado se posicionar, mas adiantou que discute formas de repressão a atividades criminosas. Ele destacou também a necessidade de organizar uma trajetória acelerada para promover a regularização fundiária, classificando a Amazônia como “um caldeirão de insegurança jurídica”. O ministro informou que não defende mudanças na legislação, apenas ajustes para promover a regulação de propriedades.
Comento
Não sou, assim, nenhum Caetano Veloso, que, em entrevista à Folha desta segunda, canta as glórias de Mangabeira Unger, mas assevero que, em tese, na questão em particular, o “Cérebro” está certo.
Chamo Mangabeira de O Cérebro para relembrar o seu parceiro na questão ambiental, Carlos Minc. Apelidei a dupla de “Minc e o Cérebro”, em homenagem à dupla do desenho animado “Pinky e o Cérebro” — já viram? A exemplo de uma das personagens, Mangabeira também ostenta uma portentosa cabeça. E a dupla da vida real tem outra característica da ficção: estão um tanto atrapalhados.
Não sei em que vai dar esse conversê de Mangabeira. Mas a equação está conceitualmente correta. Ou a gente esteriliza os “povos da floresta” para preservar o santuário, ou a gente oferece alternativas econômicas àquela gente. O professor está certo quando diz que floresta em pé tem de valer mais do que floresta deitada. Se não valer, o tempo se encarrega de deitá-la. É uma lei da economia — que, no caso, vale como uma lei da natureza.
E também é pertinente distinguir a Amazônia com mata fechada da outra, que já sofreu os efeitos da exploração econômica. As coisas que o Cérebro diz sobre política costumam ser um tanto assustadoras e exóticas. No caso da Amazônia, até agora, seu discurso está indo bem. Precisamos ver a prática.
A questão preocupa? Ora, é evidente. O ministro do Meio Ambiente saiu da reunião com Lula dando como certa a criação da Guarda Nacional Florestal, o que Mangabeira, mais uma vez, trata com certo desdém. É um sinal de que Minc e o Cérebro não estão se entendendo.