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Reinaldo Azevedo

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O super-Lula da pesquisa: o que isso quer dizer?

Segue síntese do Estadão On Line sobre os números da pesquisa CNT-Sensus. Volto em seguida: LulaO índice de aprovação do presidente foi o melhor desde fevereiro de 2005 (66,1%) e ficou em 63,7% contra 59,3%, em agosto de 2006, data da última pesquisa. A desaprovação ao desempenho de Lula também caiu, para 28,2%, ante 32,5% […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h32 - Publicado em 10 abr 2007, 16h31
Segue síntese do Estadão On Line sobre os números da pesquisa CNT-Sensus. Volto em seguida:

LulaO índice de aprovação do presidente foi o melhor desde fevereiro de 2005 (66,1%) e ficou em 63,7% contra 59,3%, em agosto de 2006, data da última pesquisa. A desaprovação ao desempenho de Lula também caiu, para 28,2%, ante 32,5% em agosto de 2006, também a menor desde fevereiro de 2005.Governo LulaO levantamento apontou ainda um aumento na avaliação do governo, que foi para 49,58%, a terceira melhor da série. Em agosto de 2006, a aprovação estava em 43,6%. O porcentual dos que desaprovam a gestão de Lula caiu para 14,6%, o menor índice desde fevereiro de 2005.Para 54,8% dos entrevistados, o segundo mandato do presidente vai ser melhor do que o primeiro. Para 19,6%, será pior e 18,7% acreditam que será igual.A avaliação regular do governo também caiu, de 39,5% para 34,3%.Apoio partidário e ministériosA exigência dos partidos políticos de participar dos ministérios em troca de apoio ao governo no Congresso conta com a aprovação de 37,5% dos entrevistados, contra 40,8% que discordam.ViolênciaPara 90,9% dos entrevistados, a violência no Brasil aumentou nos últimos anos. Apenas 5,2% discordaram. Os que consideram a cidade onde vivem violenta ou muito violenta chegam a 34,8%. Já 38,3% acham sua cidade pouco ou nada violenta.Sobre as causas da violência, 24,1% apontaram a pobreza e a miséria. Praticamente empatados, a Justiça e o tráfico de drogas aparecem, com 19,1% e 19%, respectivamente. As leis brandas têm 15%; a corrupção policial, 11% e a falta de policiamento, 7,6%.A pesquisa mostra ainda que para 29,9% da população cabe ao governo federal agir em relação à violência urbana, enquanto que 16,7% consideram essa responsabilidade do governo estadual e 12,6% da administração municipal.Pena de morte e idade penalHouve crescimento dos que são a favor da pena de morte: 49%, ante 46,7% em maio de 2003. Os contrários somaram 46%, ante 49,7% em maio de 2003. Já sobre a redução da idade penal para 16 anos, 81,5% foram favoráveis, contra 88,1% em dezembro de 2003. Os contrários à redução subiram de 9,3% para 14,3%.Emprego e rendaEmprego e renda estão entre as prioridades que devem ser enfrentadas no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo 26,3% dos entrevistados. Saúde Pública aparece em segundo lugar, com 25,7%; seguida de Segurança Pública, 18,2%; Educação, 16,7%; Previdência Social, 5,5%; Defesa Nacional, 2,9% e Inflação, 1,7%.Programas sociaisOs programas sociais do governo são conhecidos por 56,8% dos entrevistados. Desse total, 15,3% são beneficiários dessas iniciativas e 40,7% dizem não conhecer pessoas que sejam beneficiadas pelo programa.Para 66% dos entrevistados, os programas são positivos, ajudam à população e levam ao desenvolvimento. Já 27,0% classificam os projetos sociais como negativos por não resolverem os problemas nem gerarem desenvolvimento.PACApesar de ser o carro-chefe do segundo mandato do governo Lula, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ainda é bastante desconhecido. O levantamento mostra que 59% dos entrevistados nunca ouviram falar do PAC, enquanto apenas 32,2% acompanham ou ouviram falar sobre o assunto.Apenas 18,6% dos entrevistados acreditam que o programa vai ajudar o Brasil a crescer. Já entre os que têm informações sobre o PAC, esse índice sobe para 57,9% contra 24,7% que não acreditam que o programa vai acelerar o crescimento.SelicA redução da taxa básica de juros nos últimos seis meses aumentaram a disposição de 22% dos entrevistados para fazer compras a prazo. Mas, para 65,4%, a redução da Selic não aumentou a disposição para fazer novos financiamentos.Entre os que disseram que houve aumento na disposição de compras a prazo, 48,4% efetivamente aumentaram suas compras, enquanto 46,8% não aumentaram.A pesquisa mostra ainda que, do universo dos entrevistados dispostos a fazer compras a prazo, a preferência é por aquisições de eletrodomésticos, com 28% do total. A casa própria foi o segundo item mais citado, com 23,9%. Material de construção e carro aparecem na seqüência com 15% e 11,1%, respectivamente.Crise aéreaO governo federal foi apontado como o principal responsável pela crise aérea no País. Pesquisa CNT-Sensus mostra essa constatação para 21,2% dos entrevistados. Tomando por base apenas os entrevistados que tiveram contato com o assunto (acompanham ou ouviram falar), esse número sobe para 25,8%.

Voltei
Para muitos dos que não gostam do governo Lula, os números talvez sejam um tanto desanimadores. Mas eles são absolutamente explicáveis. Mais do que isso: são razoáveis. Eu não esperava nada muito diferente disso. É isto, leitor amigo: conforme-se em ser minoria no Brasil por um bom tempo. O sonho da massa revoltada contra o poder despótico é uma ilusão ou uma tara de esquerda. A maioria da população, em situação de normalidade democrática, é assim mesmo: apática, abúlica e gosta de quem está no comando. Irrupções revolucionárias, só para citar o ponto extremo do desagrado da massa com os governantes, são sempre coisa de minorias e jamais são bem-sucedidas se uma fatia do próprio poder dominante não resolve trair as suas origens. Os historiadores, inclusive os marxistas, sabem disso. Mas criam o mito da resistência popular. Pura balela.

Lula foi reeleito há pouco mais de cinco meses e começou o segundo mandato há pouco mais de três: chegou lá com dois terços do eleitorado e, com pequena variação, ainda os conserva. A rigor, não há razão para ter perdido o apoio daqueles que o reelegeram. Aquele país ainda é o mesmo, com uma ou outra notícia “positiva” a mais, como o PIB recontado e o dólar no buraco, o que enche, acreditem, uma parte importante dos brasileiros de orgulho.

A craca assistencialista grudou na política brasileira, e não será fácil tirá-la, mormente porque as oposições são muito tímidas no país — e tendem a se intimidar ainda mais diante de pesquisas como essa. Querem números exemplares do que estamos vivendo? Dizem conhecer os tais “programas sociais” 56,8% dos entrevistados. Mas 66% os aprovam. Aprovam o quê? A propaganda. Com isso, não quero dizer que os programas não existam. Existem, é claro. Mas são uma abstração para uma boa parcela dos entrevistados — e, pois, dos brasileiros.

Acompanhem: quantos beneficiários, leitor, você conhece do Bolsa Família? A exemplo deste escriba, a resposta é quase certa: nenhum — fazemos parte daqueles 40,7%. Pior: integramos o grupo dos 27% que consideram que eles não respondem ao desafio do desenvolvimento. Estamos na contramão da “doxa”. E agora? Vejam só: Lula inventou o tal PAC para a parcela mais informada da população, que resiste a seus encantos. Nada menos de 59% dos entrevistados — e é provável que todos eles estejam entre os dois terços que o apóiam — nem sabem que diabo é isso. Só 18,6% acham que o programa vai ajudar o Brasil a crescer. Vejam só: se Lula nunca mais tocar nesse assunto, vai decepcionar pouca gente.

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E a crise aérea? Como é possível que ela não afete a imagem de Lula? É possível. Ele governa ou para o país que anda de carroça (metáfora) ou para o que compra avião — jamais para o que apenas anda de avião. E não vai abandonar essa clivagem. No médio e no longo prazos, essa administração medíocre do país vai fazer diferença, cobrar a sua fatura? Vai. As políticas públicas têm um tempo de maturação que não é o mesmo do julgamento da opinião pública. Imaginem se FHC tivesse feito tudo o que PT queria nos seus dois primeiros mandatos… Imaginem um país com a economia ainda mais fechada, atolado no endividamento das estatais. Que governo o PT estaria fazendo agora?

Não duvidem: os que não compactuam com o lulo-petismo terão de comer poeira por um bom tempo. É da natureza do jogo. Mais ainda: têm de se organizar para não continuar a comê-la, coisa de que não estou bem certo de que saibam fazer. Penso, por exemplo, nas 3,4 milhões de pessoas jurídicas que integram o MSP — Movimento dos Sem-Político (na verdade, considerando familiares e tal, talvez o dobro disso). Quem fala por eles? Quem vocaliza suas angústias? As oposições, no Brasil, cometem a delicadeza de jogar fora o público que têm ambicionando aquele que jamais terão, porque seduzidos pelo petismo e suas “conquistas”.

Lula navega numa onda extremamente favorável, que só existe porque governos anteriores se negaram a seguir a receita do petismo — que, uma vez no poder, demonstrou não ter receita nenhuma, a não ser, de um lado, acomodar interesses, e, de outro, manter azeitada uma máquina assistencialista inédita. Até que seus erros de agora não comecem a cobrar a sua fatura, vai tocando a vida sem muitos percalços. Mas atenção: mesmo esses erros só passarão a ter importância se transformados em luta política, coisa que as oposições não conseguiram fazer até agora.

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