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Reinaldo Azevedo

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O PCdoB, os “velhinhos da UNE” e os bolinhos com validade vencida de Laguna

No Estadão de hoje, Rui Nogueira escreve uma excelente síntese do que foi a gestão Orlando Silva, encerrando com uma historinha exemplar. Acho difícil que Aldo Rebelo consiga botar a máquina para funcionar, atendendo às necessidades dos brasileiros, não as do partido. Segue o texto de Nogueira. * Embora a gota d’água para tirar Orlando […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h21 - Publicado em 27 out 2011, 15h21

No Estadão de hoje, Rui Nogueira escreve uma excelente síntese do que foi a gestão Orlando Silva, encerrando com uma historinha exemplar. Acho difícil que Aldo Rebelo consiga botar a máquina para funcionar, atendendo às necessidades dos brasileiros, não as do partido. Segue o texto de Nogueira.

*
Embora a gota d’água para tirar Orlando Silva do Esporte tenha sido a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pela abertura de inquérito para investigar o ministro, a presidente Dilma Rousseff montou na semana passada uma pilha de argumentos para justificar a demissão. As reações e ameaças políticas do PC do B e o apoio do ex-presidente Lula à resistência de Orlando adiaram o desfecho, mas Dilma só usou o STF como carta final de um jogo que estava jogado desde o dia 20.

Em viagem à África, a presidente recebeu dos assessores informações de três tipos:

1) com base em auditorias da Controladoria-Geral da União, feitas em 2008 e 2009, e de relatórios de auditores do Tribunal de Contas da União, a “gestora” Dilma viu que o Esporte padecia de uma “congestão” de convênios com fraudes grosseiras;

2) uma radiografia política mostrou que as únicas ações sob controle do ministério eram os convênios-negócio de interesse direto do PC do B, como os da vereadora Karina Rodrigues (PC do B), dona da ONG Bola Pra Frente, de Jaguariúna (SP);

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3) uma lupa sobre o organograma e o vaivém de secretários e assessores de Orlando revelou que o ministro havia transformado os cargos executivos da pasta em rodízio de trampolim eleitoral para os “meninos da UNE”. Eles abandonaram as universidades para serem empregados comissionados do ministério e “donos” de orçamentos públicos bilionários – o próprio Orlando, Wadson Ribeiro, Ricardo Capelli e Ricardo Gomyde são exemplos de estudantes que não fizeram mais que “cursar cursos”.

Com essas radiografias prontas, Dilma desembarcou na noite de quinta-feira em Brasília e, ao final da reunião com o “gabinete de crise”, no Alvorada, decidiu o óbvio: tirar Orlando porque estava diante de um “desgaste político irreversível”.

Um assessor da presidente leu o Anexo 1 ao Relatório 224.387/2009, da CGU, que descreve o que foi feito com R$ 170 milhões do programa Segundo Tempo. A auditoria atingiu convênios em 18 Estados. Até um leitor desatento tropeça nos “malfeitos”: fraudes grosseiras na compra de alimentos, notas frias a granel, dinheiro público depositado em contas privadas e cadastros em duplicidade para inflar o número de crianças atendidas.

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O desmando era tão explícito que as crianças e adolescentes de Laguna (SC) chegaram a receber lanches duas vezes por semana, em vez de cinco vezes por semana. Pior: “Os lanches eram entregues por uma van que se deslocava de Brasília para fazer a entrega em todos os núcleos do Estado de Santa Catarina. Um bolinho (fornecido no lanche) chegou aos núcleos com prazo de validade vencido”. Assim como a groselha vencida descoberta pela reportagem do Estado, em fevereiro.

Orlando Silva era mesmo um ministro com prazo de validade vencido.

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