O meu modo de NÃO ser NEM isento NEM imparcial
Aí vem outro assim:Realmente a vossa imparcialidade política é algo espantoso!!!!!Publicar Recusar (Anônimo) 19:44 Pois é. Peço-lhes licença para republicar um texto de 27 de setembro de 2007. Não tenho nada de novo a dizer sobre o assunto. O que vai lá me basta. Se me fizerem o favor de relê-lo… Muitos já terão esquecido […]
Realmente a vossa imparcialidade política é algo espantoso!!!!!
Publicar Recusar (Anônimo) 19:44
Pois é. Peço-lhes licença para republicar um texto de 27 de setembro de 2007. Não tenho nada de novo a dizer sobre o assunto. O que vai lá me basta. Se me fizerem o favor de relê-lo… Muitos já terão esquecido dele. E, bem, é um texto bem bacaninha. Também foi provocado por um petralha (quem disse que eles não me ajudam?).
*
Aí escreveu um petralha o seguinte comentário, que pubiquei:
“Se vc não se julga isento, então admite que não pratica jornalismo. Vc pode dar o nome que quiser ao que faz. Menos jornalismo. Pode combater o PT e as esquerdas como quiser, mas não pode fazê-lo chamando isso de jornalismo. Acho que vc praticou jornalismo quando estava em Brasília pela Folha. Porém seus textos eram muito chatos, aborrecidos mesmo. Embora não concorde com a maioria de suas opiniões, prefiro seus textos atuais. Concluindo: blog e jornalismo são incompatíveis.”
Vamos ver. Eu realmente não faço praça da minha “isenção”. Não sei bem o que se quer dizer com isso. Flagro-me agora. Estou escrevendo o que me dá na telha. Como é um pouco tarde para submeter o meu texto a alguém, vai ao ar como sair. A esta hora da madrugada, vivos e mortos descansam todos. Pergunto: “Estou livre do que sei, do que não sei, da minha formação, da minha ideologia, dos meus preconceitos, até das minhas (poucas) utopias?” Não! Estou preso a tudo isso, mas não como quem carrega um fardo. Até admito que torno a minha vida um pouco mais difícil do que poderia ser. Escrevo certamente além da conta, além até do que eventualmente me poderia ser cobrado.
SOU, ENFIM, LIVRE PARA NÃO ME ISENTAR DE MINHAS OBSESSÕES.
E não persigo a tal isenção; tampouco me preocupo com ela. Isenta, até onde sei, era Tereza Cruvinel, nova presidente da TV pública, quando atuava na grande imprensa. Tenho a certeza de que, ao lê-la ou ouvi-la, um petista dizia: “Isso, sim, é que é jornalismo isento”. O mesmo, acredito, se podia afirmar de Franklin Martins (…). Se eles eram isentos, então eu não sou.
Lesse o petralha com calma o que escrevi ? mas eles nunca são calmos ?, teria tempo de reparar que afirmei que não quero é que petralhas me considerem isento. Nunca fui, não sou e não serei refém do que eles pensam a meu respeito. Jamais procuro desmentir o que dizem de mim, ou eles passariam a ser senhores do meu pensamento. Acusam como se fosse xingamento: “Você é de direita”. E eu faço o quê? Tento provar com a minha biografia que estão errados? Mas eu não acho criminoso ser de direita, embora a única vinculação partidária ? ou organizada ? na minha história tenha sido de esquerda, o que lastimo. Em vez de ceder ao critério “deles”, demonstro que democracia mesmo, para valer, só é possível num regime político “de direita”.
As palavras não me assustam. Mais do que isso: católico, conheço os homens mais por meio de obras do que de palavras. Os que despejam cotidianamente as suas lágrimas na imprensa em defesa dos pobres, dos oprimidos, dos excluídos ou do governo operário serão mesmo mais humanistas do que eu? Basta que o sujeito transforme a sua consciência culpada numa peça de acusação das desigualdades brasileiras para que ganhe um lugar no céu dos que defendem a justiça social? A maioria de nossos “pobristas” é patética. Sua própria rotina diária serviria para ilustrar uma das letras de Mano Brown. O burguês ou pequeno-burguês sensível acredita que basta fazer justiça com o próprio teclado. Quer, por exemplo, “ouvir a voz da periferia”. Eu digo com todas as letras: eu não quero. Acho que a periferia precisa de escola, luz elétrica, esgoto tratado. Para que possa aprender os códigos do centro. Essa conversa de pobre falar enquanto pobre; de periferia, enquanto periferia; de favela, enquanto favela é uma das coisas mais reacionárias e estúpidas que ganharam a mídia nos últimos tempos.
Não é marxismo, não é liberalismo, não é nada. Trata-se apenas de uma bobagem de integrados flertando com o apocalipse. Quer coisa mais patética do que a psicanalista petista Maria Rita Kehl, no Roda Viva, tentando fazer de Mano Brown o representante de um corpo teórico, de uma corrente de pensamento, de uma categoria analítica quando, visivelmente, ele não queria representar nada e ninguém? Como deixou muito claro, aquilo que ele faz é só rap, é uma opção de mercado, com a qual ganha dinheiro e vive em condições muito superiores ? ele o revelou ? à de seus supostos representados. Ah, mas o seu olhar encantado de Kehl lembrava ou o de uma européia vendo um “ameríndio” pela primeira vez ou o do crente diante da epifania. Entendo: apelar à barbárie, ao caos e à desordem virou a última e única saída das esquerdas.
Assim…É claro que não sou isento, não ao menos como são alguns dos meus coleguinhas. Eventualmente, não sou também tão bonzinho quanto eles. Deixo essa isenção cultivada, entre outros, para os jornalistas que estão saindo diretamente do colunismo para assumir cargos de direção no governo. Vejam só: é evidente que, com os meus comprometimentos, não poderia ser eu o convidado. Já eles, com a isenção demonstrada até agora, estão prontos para ser subordinados, agora oficiais, de Lula.
Observação final
Como se vê, não posso integrar o grupo chefiado por Franklinstein. Faltam-me a isenção e a imparcialidade que tão bem caracterizavam Cruvinel e Martins, né? Eu vou lhes dizer: um dia, eu ainda NÃO chego lá…