O beija-mão confesso de Chalita. Ou: “Pônei de tróia” é menos agressivo?
Mais de uma vez já escrevi aqui que considero a substantivação de verbos um índice de picaretagem intelectual. Escrevi isso, por exemplo, neste post. E há muitos outros. Se, numa conversa, o interlocutor prefere “o olhar” a simplesmente olhar; “o aprender” a “aprender”, “o estudar” a estudar, não dá outra: está tentando me enganar; está […]
Mais de uma vez já escrevi aqui que considero a substantivação de verbos um índice de picaretagem intelectual. Escrevi isso, por exemplo, neste post. E há muitos outros.
Se, numa conversa, o interlocutor prefere “o olhar” a simplesmente olhar; “o aprender” a “aprender”, “o estudar” a estudar, não dá outra: está tentando me enganar; está tentando dar substância ao nada; está dizendo borra nenhuma, mas tentando afetar certa profundidade. Não por acaso, a substantivação de verbos é um dos truques prediletos dos subacadêmicos.
Faço essa introdução para não acharem que pego no pé de Gabriel Chalita. Eu, não! Aliás, alguns reclamaram de eu tê-lo chamado de cavalo de tróia: traz no ventre Wagner Rossi, Baleia Rossi, Michel Temer, a petezada… Reclamaram por quê? É uma metáfora clássica. Acharam agressivo só porque Chalita faz dumping da política do amor e da delicadeza? Deveria ter escrito “pônei de tróia”? Mas quero voltar ao ponto. Leiam trechos de um texto de Jair Stangler, no Estadão Online. Volto em seguida:
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O deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) afirmou nesta sexta-feira, 26, que a presidente Dilma Rousseff o incentivou a ser candidato à Prefeitura de São Paulo. Segundo o deputado, a declaração foi dada durante jantar da presidente com o PMDB esta semana.
“Eu jantei com a presidente Dilma essa semana, no jantar do PMDB, falei da campanha, do meu entusiasmo em ser candidato a prefeito de São Paulo. Ela incentivou, disse que é ótimo. Disse que quanto mais a gente tiver novos olhares para a política, mais a gente motiva as pessoas a participar”, afirmou durante seminário sobre a Frente Parlamentar de Adoção, realizado nesta sexta nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), em São Paulo. Também participaram do evento os senadores Lindberg Farias (PT-RJ) e Aécio Neves (PSDB-MG).
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O deputado comentou também a visita que fez a Lula na quinta-feira, 25. De acordo com ele, foi uma “visita de cortesia”. “Nós conversamos sobre vários assuntos da vida política dele, da minha vida política”, afirmou. “Em nenhum momento ele falou em desistência de candidatura nem em aliança no primeiro turno”, completou.
(…)
Ele negou que vá disputar com [Fernando] Haddad o mesmo público caso ambos sejam candidatos. “Eu vejo até como um elogio. Gosto muito do ministro Haddad. Tem formação intelectual e acadêmica sólida. É um ministro que vem trabalhando pelo bem do Brasil”, declarou. “Agora, quando começar a campanha eleitoral vão surgir diferenças naturais. E olhares para a cidade. Naturalmente eu vejo a cidade de uma forma, ele vê de outra forma. O fatos de nós sermos jovens, trabalharmos em educação, não significa que a gente pense a cidade da mesma forma… Eu vou discutir um projeto de trânsito que vai ser diferente do projeto de trânsito que ele tem pra cidade. Projeto de transporte, projeto de revitalização para a área central da cidade. Eu vou ter um olhar, ele vai ter outro”, argumentou.
Voltei
Então… Se Chalita continuasse a falar com o repórter mais cinco minutos, outro livro viria à luz. Se a gente se distrai, até parece que ele falou alguma coisa… E lá está aquela substantivação pseudo que tanto me incomoda…
Quanto ao mais, dizer o quê? Deveria haver certa estética, quem sabe até uma ética, para o adesismo decoroso. Um político que, até outro dia, era de oposição se entregar, desse modo arreganhado, ao beija-mão é um troço constrangedor.
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