O Apedeuta é profissa

Faltou eu explicitar uma coisinha no comentário abaixo. Quando digo que o Apedeuta foi bem, refiro-me aos propósitos a que se destina a entrevista. Ora, é claro que ele disse um monte de sandices. A gente sabe disso. Até o petista bem informado sabe disso. Mas esteve muito longe do massacre que foi o Jornal Nacional. Alguém observa que ele fez mal em atalhar William Waack com aquele “Então você nunca pescou na vida”. Discordo. Os marqueteiros tendem a achar que isso é ruim. Pois eu acho que funciona. Nessa hora, ele estabelece uma intimidade com o público, demonstra altivez. Sua fala se fez acompanhar de uma careta de certa estupefação. Waack é que ficou um tanto balbuciante: “Não, eu pesco…” Entendam: nós sabemos que o Bolsa Família é uma picaretagem. Não porque somos contrários a que as pessoas “comam três vezes por dia”, mas porque a consideramos uma máquina eleitoreira; porque sabemos que 50 milhões de pessoas penduradas num Bolsa Miséria indicam um país de crescimento pífio. Mas quantos sabem disso? Quando Waack falou da diferença entre dar o peixe e ensinar a pescar (ô metáfora velha do caramba!), deveria ter dito o que é “ensinar a pescar”. E ensinar a pescar é crescimento vigoroso para dar emprego. Vá lá… As perguntas também não foram grande coisa. Lula é muito mais profissional do que a gente pensa. E do que os próprios petistas imbecilizados pensam.