MST e Via Campesina praticam é terrorismo
Por Eduardo Kattah, de O Estado de S.Paulo. Volto depois:Manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), da Via Campesina e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) invadiram e obstruíram nesta segunda-feira, 10, durante aproximadamente 12 horas os trilhos da ferrovia Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), em Resplendor, a 445 quilômetros de […]
Manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), da Via Campesina e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) invadiram e obstruíram nesta segunda-feira, 10, durante aproximadamente 12 horas os trilhos da ferrovia Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), em Resplendor, a 445 quilômetros de Belo Horizonte, na região do Vale do Rio Doce mineiro. Conforme a Polícia Militar, a ocupação teve início às 5 horas e só terminou por volta de 17 horas, após o juiz substituto Braulino Corrêa Neto conceder liminar de reintegração de posse em pedido feito pela mineradora.
A ação dos movimentos obrigou à paralisação do transporte de passageiros e carga da ferrovia, que possui 905 quilômetros de extensão e corta 51 municípios em Minas Gerais e Espírito Santo. A Vale alegou que a invasão prejudicou cerca de 2,5 mil pessoas atendidas por dois trens que partem diariamente de Vitória e Belo Horizonte, passando por 29 cidades. Segundo a empresa, cerca de 300 mil toneladas de minério de ferro deixaram de ser transportadas pela EFVM com a paralisação dos serviços.
O maquinista de um trem cargueiro foi impedido pelos manifestantes de deixar o local da ocupação, mas a PM informou que não foram registradas agressões ou atos de violência. A Vale alegou em nota que os manifestantes arrancaram placas de sinalização da ferrovia e jogaram pneus sobre a linha.
Enquanto a PM informou que cerca de 600 pessoas – a maior parte mulheres, incluindo crianças – participaram da invasão, o MST disse que “mais de mil mulheres da Via Campesina” de Minas e Espírito Santo participaram da ação. A ocupação ocorreu durante a troca de turno e os invasores se concentraram em uma passagem de nível, na entrada da cidade.
Os movimentos acusaram a construção da Barragem de Aimorés, pela Vale e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), de “inviabilizar o sistema de esgoto da cidade, inundando dois mil hectares de terra”. Segundo comunicado veiculado pelo MST, a ocupação da EFVM integra a jornada nacional das mulheres da Via Campesina, “que denuncia o modelo que privilegia o agronegócio, em detrimento da agricultura familiar e impede a realização da reforma agrária”.
A nota acusa ainda a Vale de ser uma das principais responsáveis pela destruição do meio ambiente em Minas e pela concentração de terras, por meio do plantio de eucalipto em larga escala, que alimenta as usina associadas. A empresa, por sua vez, destacou “a violência e as constantes ameaças ao seu patrimônio e à vida de seus empregados pelo MST” e reafirmou que mantém “seu compromisso com a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável das regiões onde atua”.
Ilegalidade
Além de conceder a liminar de reintegração de posse, o juiz substituto de Resplendor expediu interdito proibitório quanto à possível invasão e ocupação de algum outro ponto da ferrovia. No despacho ele observa que “quanto ao direito”, não havia nenhuma dúvida sobre a “ilegalidade da ocupação”, pois “o ordenamento jurídico brasileiro não elegeu a paralisação dos meios de transporte como forma legítima de pressão”. Destacou também que o bloqueio da linha e o impedimento do tráfego de trens impôs “elevado prejuízo” à Vale, “de difícil reparação”.
Outras invasões
A manifestação desta segunda na qual cerca de mil mulheres da Via Campesina ocuparam os trilhos de uma das principais ferrovias da mineradora Vale, em Minas Gerais, faz parte de uma série de protestos realizados pela ala feminina do movimento contra o agronegócio e em defesa da Reforma Agrária e que já atingiram 17 Estados.
Além de Minas, os protestos ocorreram até agora em São Paulo (contra a Monsanto), Distrito Federal, Paraná, Rio de Janeiro (contra a Syngenta), Rio Grande do Sul (contra a Stora Enso), Pernambuco (contra a monocultura da cana), Rondônia, Alagoas, Rio Grande do Norte e Pará (cada uma delas com pautas estaduais), Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Ceará e Santa Catarina.
Comento
Achou forte o título, leitor? Vai ver eu faço parte da direita reacionária e troglodita que quer, como é mesmo que eles dizem?, “criminalizar os movimentos sociais”? E que nome se dá a grupos organizados, que partem para a ação direta, impedindo a produção, depredando o patrimônio, impedindo o direito de ir e vir de milhares, pondo a vida de terceiros em risco?
Essa gente, afinal de contas, atende aos interesses de quem? Aqui é preciso prestar atenção a alguns detalhes. Será que eu acredito que o MST e a tal Via Campesina são um ensaio prévio de alguma revolução comunista no Brasil? Nem tanto. Acho que eles não chegam lá. A economia brasileira e a sua institucionalidade já passaram do ponto em que uma inflexão dessa natureza seria viável. O risco não é exatamente esse, mas não lhe é estranho.
ATENÇÃO! O risco a que estamos submetidos, no governo do PT, é de enrijecimento da democracia, que começa a ficar sob a tutela dos tais “movimentos sociais”, aí incluído o sindicalismo. Não, caros! Essa ação do MST e da Via Campesina não é muito diferente do que o tal “Paulinho da Força” ameaça fazer com a imprensa. Estamos falando de um tempo em que aqueles que se julgam imbuídos de uma representação — que nada tem de universal; são porta-vozes de sua corporação — acham muito natural atropelar os limites legais para fazer valer aquilo que consideram um “direito”. Com desassombro, dizem estar lutando pela “legitimidade”, que entendem ser inimiga da legalidade. Como? Paulinho só quer a lei? Não! Ele declarou que pretende entrar com milhares de ações, nem que seja para perder. Quer mesmo é aporrinhar as suas vítimas.
A exemplo dos sindicatos, quem é o MST? Estamos falando de sócios do poder. Aqueles, claro, são mais poderosos do que este. Mas não se enganem: os sem-terra e a tal Via Campesina são indústrias de ideologia, sustentadas com dinheiro público. Todos os recursos destinados à reforma agrária e à agricultura familiar passam, de algum modo, por aparelhos do MST, que têm o controle do Incra, por exemplo. Não se esqueçam de que o primeiro confronto dessa gente se dá com forças de segurança dos governos do estado. Lula, o Babalorixá, passa longe dos conflitos. Ele apenas corre para o abraço. Os governadores que se virem. O Apedeuta recebe os baderneiros em Palácio.
E não são baderneiros quaisquer. São braços do petismo que sempre podem, e são, acionados quando o partido disputa espaço político com outras legendas. Vale dizer, transitam da legalidade para a ilegalidade e desta para aquela a depender das necessidades do regente: o PT.