MESMO TENDO DIREITO, SERRA NÃO REIVINDICOU INDENIZAÇÃO
Quando gosto, digo “sim”. Quando não gosto, digo “não”. Como costumo escrever aqui, sou um ser bastante esquisito em tempos ambíguos e anfíbios… Achei desnecessário o comentário que o governador José Serra fez ontem sobre a eleição de Sebastián Piñera no Chile e escrevi a respeito. A canalha que me chama de “serrista” só demonstra […]
Quando gosto, digo “sim”. Quando não gosto, digo “não”. Como costumo escrever aqui, sou um ser bastante esquisito em tempos ambíguos e anfíbios… Achei desnecessário o comentário que o governador José Serra fez ontem sobre a eleição de Sebastián Piñera no Chile e escrevi a respeito. A canalha que me chama de “serrista” só demonstra o quanto ignora a trajetória de Serra e o quanto ignora o que eu próprio penso. Ele é um homem de centro-esquerda. Eu, dadas as categorias, estou “cada vez mais convicto” de que sou de direita — como diria outro Zé, o Caroço.
Os que afirmam que não haverá um candidato direitista disputando a eleição estão absolutamente certos. A direita disputa o poder em todos os países democráticos. No Brasil, não! Alguns acham isso bom. Eu acho isso uma coisa que só serve àqueles besouros… Adiante.
As pessoas claramente de direita aproveitaram o meu texto para criticar Serra na linha: “Está vendo? Eles são todos iguais! Não há diferença entre Dilma e o tucano”. E os petralhas resolveram se fingir de conservadores par vir com suas boçalidades de hábito. Por alguma razão, eles imaginam que conseguem fingir habilidade sobre duas patas. Impossível.
Vamos ver. Sou serrista? Não sou. Não obstante, alguém tem motivos para duvidar do meu voto? Só se for idiota. Mais uma indagação: são iguais? Não são mesmo! Serra pode ser de centro-esquerda ou de esquerda, mas desconheço ação sua que tenha contribuído para o estado perdulário ou irresponsável que caracteriza essa gente. Foi o principal responsável pela existência da Lei de Responsabilidade Fiscal, peça essencial na quase revolução havida nas finanças públicas no país. E é simplesmente patético comparar a formação intelectual e a experiência administrativa dos dois oponentes. Mas deixo para outra hora esse cotejamento. A eleição está longe. Não faltará oportunidade.
Como lembrei em texto anterior, Serra foi um duplo exilado, primeiro do Brasil e depois do Chile. Se pleiteasse, teria direito a uma gorda indenização da tal Comissão de Anistia — ou melhor, distribuída por ela; quem paga somos nós. Ele enviou, sim, uma carta à comissão, mas abrindo mão de qualquer compensação financeira. E me parece que isso diz um tanto de quem ele é. Teve de sair do Brasil para não ser preso ou morrer. Estudou e deu aula no Chile; depois, nos EUA. No que respeita à vida privada, recorrendo à linguagem popular, fez limonada com o limão. Lula certamente teria reivindicado a grana. Como sei? Porque ele reivindicou o levou. Recebe quase R$ 6 mil como “perseguido do regime”. Dilma também recebeu indenização de três Estados: São Paulo, Rio e Minas.
As diferenças, reitero, são muitas. Nesse momento, essa me parece ser uma distinção importante.