Mendes quer central de grampos no CNJ
Por Felipe Seligman, na Folha:O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, vai propor ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a criação de um sistema de informações sobre escutas telefônicas, centralizado no próprio conselho, para monitorar a quantidade de grampos em andamento no país e a duração deles.A intenção é solucionar o problema […]
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, vai propor ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a criação de um sistema de informações sobre escutas telefônicas, centralizado no próprio conselho, para monitorar a quantidade de grampos em andamento no país e a duração deles.
A intenção é solucionar o problema de falta de dados oficiais sobre as interceptações telefônicas e evitar o descontrole decorrente do chamado “grampo cruzado”, quando outros telefones são monitorados por conseqüência da autorização judicial de uma primeira linha.
A central dos grampos, que já está sendo desenvolvida pela Corregedoria do CNJ, com o auxílio técnico da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), será inspirada em sistema implementado no Tribunal de Justiça do Rio.
Segundo Mendes, o CNJ deve elaborar “normas de procedimentos” para serem adotadas pelos juízes na hora de autorizar uma escuta. “O sistema poderá evitar abusos já constatados no Brasil”, disse.
Mendes afirmou que pretende levar o tema ao plenário do CNJ neste mês. A próxima reunião está marcada para o dia 26.
Cabe constitucionalmente ao CNJ, como órgão de controle externo do Judiciário, criar atos normativos e recomendações à Justiça. O sistema, segundo assessores do conselho, criará uma forma de controle para o acompanhamento dos próprios magistrados que concedem autorizações de escutas.
A corregedoria ainda estuda a forma de acesso ao sistema, cujas informações não deixarão de ser sigilosas, mas os dados estatísticos serão públicos, segundo a Folha apurou.
O conselho, criado em 2005 pelo governo Lula, tem 15 membros: presidente, corregedor e 13 conselheiros, entre magistrados e indicados pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e pelo Congresso.
O presidente do STF deve apresentar o sistema a todos os presidentes dos tribunais brasileiros no próximo dia 25. “O que tem que ficar claro é que a intenção não é interferir na autonomia do juiz de decidir sobre a necessidade das escutas.”