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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Marta em lugar de Ana. Ou: O grande trabalho de ex-ministra foi garantir dinheiro para Kim Jong-Lula. Até a neta do estimado líder foi aquinhoada!

Ana de Hollada foi demitida do Ministério da Cultura. Em seu lugar, assume a senadora Marta Suplicy (PT-SP). Falemos primeiro da que sai. Deixa a pasta aquela que nunca deveria ter sido nomeada. Ao fazê-lo, Dilma escolheu um sobrenome — Buarque de Holanda (o “Hollanda” dela tem dois eles, não sei se por erro de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 07h54 - Publicado em 11 set 2012, 18h17

Ana de Hollada foi demitida do Ministério da Cultura. Em seu lugar, assume a senadora Marta Suplicy (PT-SP). Falemos primeiro da que sai. Deixa a pasta aquela que nunca deveria ter sido nomeada. Ao fazê-lo, Dilma escolheu um sobrenome — Buarque de Holanda (o “Hollanda” dela tem dois eles, não sei se por erro de registro ou questões numerológicas) —, não uma gestora para a pasta. Era uma espécie de medalha de reconhecimento pelos serviços prestados ao partido pelo irmão da maninha, o já decano do engajamento “esquerdosamente correto”. A causa mais recente de Chico Jabuti é a candidatura de Marcelo Freixo, a que aderiram 10 de cada 10 militantes de extrema esquerda de Copacabana, Leblon e Ipanema. Mas voltemos.

Ana foi um fiasco na pasta desde o começo. Ficava evidente que não tinha a mais remota ideia do que fazer por lá. Os próprios petistas não se entendiam a respeito. Boa parte do “engajamento cultural” no Brasil é, como sabem, financiada pelo “estado burguês” com o qual os engajados querem acabar. A ideologia mais influente no Brasil continua a ser a do assalto aos cofres públicos, seja com mensaleiros, seja com “artistas” que estão certos de que os desdentados são obrigados a financiar suas metáforas. Por inépcia política e administrativa, Ana não conseguiu ordenar a distribuição do leite de pata estatal para bocas sedentas. Estavam todos descontentes.

Não que sua passagem pela pasta tenha sido irrelevante! Nada disso! Kim Jong-Lula, nosso estimado líder, fará em São Paulo um “Memorial da Democracia”, como sabem. Em São Bernardo, o prefeito Luiz Marinho (PT), seu primeiro-estafeta, decidiu construir um “Museu da Greve”. É isso mesmo! A obra custará R$ 18 milhões. O município arcará com R$ 3,6 milhões. O resto virá do governo federal — parte do dinheiro, Ana prometeu, sairá do… Ministério da Cultura!

Só isso? Não! Ana assegurou que o tal memorial de Lula — o de São Paulo, não o museu de São Bernardo — também contará com recursos da Lei Rouanet. Entenderam, companheiros? Ana pode não ter sabido atender às demandas dos artistas sequiosos de uma verbinha pública, mas assegurou recursos para dois monumentos em homenagem ao Apedeuta! É um escracho!

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O grupo de teatro amador a que pertence Bia Lula, neta do Apedeuta,  conquistou o direito de captar R$ 300 mil pela Lei Rouanet. A primeira a se apresentar para financiar o espetáculo foi a Oi, ex-Telemar — aquela que havia investido alguns milhões da Gamecorp de Lulinha, filho do Lulão e tio de Bia.

A obra dessa gigante ainda não está completa. Ana  aprovou outro projeto, se me permitem o vocábulo, “seminal” para a cultura, que envolve o livro “Leite Derramado”, de um tal Chico Buarque de Holanda. A Biblioteca Nacional decidiu financiar a tradução da obra para o coreano. Faz sentido? Claro que faz! Se queremos mimosear os coreanos — os do Sul; no Norte, comandando pelos comunistas, amigos de Chico, livros estrangeiros são proibidos — com o leite derramado pelo irmão de Ana, por que os brasileiros não haveriam de pagar por isso?

A ministra que entra
O esforço para tentar impedir a eleição de José Serra (PSDB) em São Paulo já custou dois ministérios: o da Pesca (o tiro, por enquanto, saiu pela culatra) e o da Cultura. Dilma meteu o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), sobrinho de Edir Macedo e bispo da Igreja Universal, no Ministério da Piaba. Ele confessou não saber pôr uma minhoca no anzol. Não era metáfora. Seus antecessores também não sabiam.

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Dilma nomeou Crivella num esforço apara diminuir a rejeição a Haddad junto aos evangélicos. Ela o fez num momento em que o ministro Gilberto Carvalho (secretário-geral da Presidência) afirmou que os petistas deveriam disputar eleitores com os evangélicos, enfrentá-los mesmo. Houve mal-estar. A operação Crivella, em São Paulo, não deu tão certo assim. A Igreja Universal, por intermédio de seu partido, o PRB, sustentou a candidatura de Russomanno, e, por enquanto, ele tem tirado votos dos petistas na periferia. Seus obreiros estão encarregados de lembrar algumas das “obras” do ex-ministro da Educação — o kit gay é uma delas.

Agora Dilma faz uma segunda concessão à operação Haddad. Lula esmagou Marta em São Paulo. Tirou-a da disputa na base da brutalidade. Chamou os apoiadores de sua candidatura — que reunia a maioria do PT na cidade — e deu uma ordem: “o candidato é outro”. A senadora foi tratada como velha e ultrapassada. Ela ficou brava e resistiu a entrar na campanha. Finalmente, topou gravar mensagens de apoio ao candidato petista e andou chutando a canela de Serra — afinal, é só o que interessa — e ganhou, de presente, o Ministério da Cultura. Vamos ver se saberá se comportar com o devido decoro, agora que tem um cargo no Executivo e que é ministra de todos os brasileiros — também dos não petistas.

PS – Ah, sim: se vocês procurarem nos arquivos, encontrarão alguns textos antevendo o fiasco que seria Ana de Hollanda no Ministério da Cultura. Estava escrito nas estrelas — quero dizer, na estrela.

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