Marco Aurélio “Top Top” Garcia, assessor especial de Dilma, diz não entender como o escândalo da Petrobras pode ser jogado no colo do PT. Ah, sim: ele defende que o PT vá para a clandestinidade!
O petista Marco Aurélio “Top Top” Garcia, assessor especial da presidente Dilma, só não é o mesmo porque faz a trajetória contrária à dos bons vinhos, não é? O tempo passa, e ele azeda. Este senhor deveria ter se retirado da vida pública em 2007. Para sempre. Para nunca mais. Digo adiante por quê — […]
O petista Marco Aurélio “Top Top” Garcia, assessor especial da presidente Dilma, só não é o mesmo porque faz a trajetória contrária à dos bons vinhos, não é? O tempo passa, e ele azeda. Este senhor deveria ter se retirado da vida pública em 2007. Para sempre. Para nunca mais. Digo adiante por quê — caso alguém tenha esquecido. O homem concede uma entrevista à Folha desta segunda. O jornal deu destaque a uma opinião sua: segundo ele, João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, deveria deixar o cargo. Isso é lá com eles. Eu, por exemplo, acho que Vaccari está no lugar certo, se é que é vocês me entendem…
O meu destaque é outro. Para espanto da lógica e do bom senso, o figurão petista lasca esta pérola na cara dos brasileiros: “Não consigo entender como deixamos que se jogue em cima de nós o episódio da Petrobras. Outros episódios tão graves [quanto este] não têm a mesma incidência ou não recaem sobre aquelas pessoas que têm a autoria. O que é toda a questão do Metrô de São Paulo?”.
Marco Aurélio não é um gênio, é sabido — não escreveu até hoje um único texto de referência sobre qualquer assunto —, mas a sua afirmação não nasce da estupidez, e sim da cara de pau. Então o PT está no comando da Petrobras pelo 13º ano; a estatal, no momento, beija a lona; depoimentos em penca apontam que a empresa se transformou num covil, e o homem diz não entender como é que a coisa caiu no colo do partido?! Deveria cair no colo de quem? No meu? No seu, leitor amigo? No colo do Zé Bedeu?
A comparação com o Metrô de São Paulo é de uma má-fé escandalosa. Que se prendam todos os gatunos, ora! Estejam eles onde estiverem, pouco importando a quem sirvam. Mas são esquemas parecidos? Cadê os dutos que ligam o escândalo a um partido? Onde estão os arrecadadores de dinheiro? Cadê a estrutura de uma organização criminosa continuada? Os desvios do Metrô de São Paulo são investigados em várias esferas: Ministério Público, Polícia Federal e Cade — nesse caso, com interferência política do governo federal. Qual é a suposição de Marco Aurélio? Que todos esses organismos estão a serviço do PSDB, inclusive o Cade, que se comporta como sucursal do PT?
Mas calma, gente! O homem tem uma saída. Segundo ele, a resposta é a proibição da doação de empresas a campanhas. Marco Aurélio é mais um que acredita que, quando todas as doações de empresas forem clandestinas, não apenas parte delas, como hoje, então o Brasil será um país decente. Seria de uma cristalina estupidez se não fosse, como é evidente, mais um truque dos companheiros.
Na entrevista, fica claro que ele é um dos defensores da tal “Frente Ampla”. Para quem não se lembra: os petistas querem uma reforma política que permita que “frentes” — não apenas partidos — disputem a eleição. É uma forma de o PT se mascarar e tentar se passar por outra coisa, agora que está sendo abandonado pelos eleitores. O partido descobriu que a marca está desgastada e pretende se tornar uma legenda clandestina, mas num período de normalidade democrática.
Para não esquecer
No dia 17 de julho de 2007, um Airbus A320-233, da TAM, ultrapassou o limite da pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e se chocou contra um depósito da própria empresa, matando as 187 pessoas que estavam no avião e mais 12 em solo. O país vivia, então, o chamado caos aéreo, e a pista de Congonhas estava passando por reparos. Especulava-se em que medida a tragédia se inseria no descontrole geral, de responsabilidade, sim, do Planalto.
No dia 19 de julho, o Jornal Nacional noticiou que o avião voava com um dos reversores desligado — o que nada teve a ver com o acidente, diga-se. Uma câmera flagrou Garcia no Palácio do Planalto, sorrindo, e fazendo o sinal de “f_ _ _u.” É aquele, sabem?, em que o sujeito fecha uma das mãos e bate contra a palma da outra. A seu lado, um assessor faz outro gesto, também bastante conhecido: com as duas mãos, puxa uma pessoa imaginária contra a pélvis. A alegria dos dois era incontida. Para eles, a reportagem demonstrava que o governo não tinha culpa nenhuma no acidente. Cento e noventa e nove pessoas haviam morrido tragicamente, e aquela era a preocupação principal de Garcia e do governo Lula.
Quase oito anos depois, este senhor segue dando palpites. Vai ver isso explica muita coisa.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=H9s1GSMY8OA%5D
Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se já é assinante, entre aqui. Assine para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
Essa é uma matéria fechada para assinantes e não identificamos permissão de acesso na sua conta. Para tentar entrar com outro usuário, clique aqui ou adquira uma assinatura na oferta abaixo
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA.
Impressa + Digital
Plano completo da VEJA! Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app, para celular e tablet.
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
Digital
Plano ilimitado para você que gosta de acompanhar diariamente os conteúdos exclusivos de VEJA no site, com notícias 24h e ter acesso a edição digital no app, para celular e tablet.
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Edições da Veja liberadas no App de maneira imediata.