Manifestantes invadem e saqueiam prédios estatais na Bolívia
Na Folha Online:Grupos de manifestantes invadiram e saquearam vários escritórios estatais em Santa Cruz (foto, da Efe), informou a imprensa local. Entre os alvos estava a empresa pública de telecomunicações Entel, cuja fachada foi destruída e queimada, e a sede regional do canal de TV estatal.“Com a falta de proteção policial, grupos de vândalos conseguiram […]
Grupos de manifestantes invadiram e saquearam vários escritórios estatais em Santa Cruz (foto, da Efe), informou a imprensa local. Entre os alvos estava a empresa pública de telecomunicações Entel, cuja fachada foi destruída e queimada, e a sede regional do canal de TV estatal.
“Com a falta de proteção policial, grupos de vândalos conseguiram entrar nos escritórios da Televisão Boliviana, onde destruíram instalações e quebraram equipamentos”, denunciou à imprensa o chefe regional da Televisión Boliviana-Canal 7 em Santa Cruz, Edgar López.
Os manifestantes saquearam o escritório, destruíram computadores e móveis e fizeram uma fogueira na porta de entrada do prédio, segundo imagens da emissora privada ATB. Poucas horas antes dos protestos, o Canal 7 havia suspendido suas transmissões.
Manifestantes queimam computadores, durante protestos em Santa Cruz
Grupos de jovens, liderados pela União Juvenil Cruzense (UJC), também ocuparam as instalações da Entel para “entregá-las à administração do governador Rubén Costas”, governador oposicionista de Santa Cruz, revelou o ex-constituinte Javier Limpias.
O prédio foi ocupado no final da tarde por centenas de pessoas, que saquearam suas instalações, jogaram documentos e objetos pelas janelas, e os queimaram nas imediações da Entel.
Segundo a imprensa local, os sinos da catedral de Santa Cruz tocaram “durante toda a tarde por determinação do comitê cívico”, que lidera as manifestações contra Morales.
Ao menos um soldado, entre um grupo que tentava conter os protestos, e vários jovens ficaram feridos, segundo a agência France Presse. Desde as 10h (11h, de Brasília), policiais e militares protagonizaram hoje uma batalha campal com os grupos de opositores, na maioria jovens.
Os manifestantes exigem que o presidente Evo Morales repasse às regiões a renda petroleira que o governo decidiu destinar, em janeiro, para um programa nacional de assistência aos idosos. Nesta terça-feira os protestos já tinham se espalhado por várias regiões da Bolívia, embora os principais focos de enfrentamento com a polícia estejam se dando nos cinco departamentos governados por opositores de Morales.
Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija e Chuquisaca são os cinco Estados que rejeitam o projeto da nova Constituição, proposta por Morales e exigem autonomia.
Soldados tentam conter protestos da oposição contra o governo de Evo Morales, no departamento de Santa Cruz, no sudeste da Bolívia
Os manifestantes já haviam ocupado hoje os escritórios da Receita e do Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA) em Santa Cruz, expulsando policiais e soldados que guardavam o local. A TV boliviana mostrou um manifestante exibindo dois fuzis e um capacete como troféu.
O vice-ministro do Interior, Rubén Gamarra, responsabilizou o governador Rubén Costas e o líder civil e empresário Branko Marinkovic pelos incidentes que, segundo ele, “promovem a violência”.
Já Marinkovic culpou o novo gabinete, empossado na segunda-feira por Morales, que acusou de ter recebido “instruções da Venezuela” para aplacar os protestos da oposição.
Segundo rádios locais, grupos opositores também ocuparam o Aeroporto Viru Viru de Santa Cruz, o de maior tráfego da Bolívia.