Mais uma lição de Mino Carta, este gigante do jornalismo
Vocês sabem, não é? Não existe ninguém na imprensa brasileira mais “independente” do que Mino Carta, o chefão de uma publicação chamada Carta Capital. O homem é tão independente, mas tão independente, que não depende nem de leitores. Já explicarei por quê. Antes, se me permitem, reproduzirei trecho de um texto de 7 de novembro […]
Quantas vezes for preciso afirmar que Lula é uma piada grotesca, eu o farei, sem cansar. Ele e os áulicos que lhe puxam o saco – não o seu propriamente, mas o do Estado, de cuja cornucópia muitos dependem para sobreviver. O presidente esteve ontem numa solenidade com empresários para a entrega do prêmio “As Empresas Mais Admiradas do Brasil”, uma iniciativa da revista Carta Capital, que chamo de Cartilha Capital, dado o seu alinhamento automático com o governo – ao menos essa é uma cartilha cuja existência se pode provar. A propósito: Luiz Gushiken já revelou o paradeiro dos R$ 11 milhões cobrados pelo Tribunal de Contas da União para aquela cartilha que nunca apareceu ou ainda está apurando?Segundo informa o Estadão desta terça, o diretor de Redação da publicação, Mino Carta, expressou o seu orgulho de ter apoiado a candidatura de Lula. E disse ter sido cobrado por isso por outros veículos. Quais veículos? Ninguém cobrou nada. Todos esperavam que ele fizesse rigorosamente o que fez. Só faltava não apoiar. É uma questão de gratidão.Em seu discurso, Lula, claro, exaltou as virtudes da liberdade de imprensa. Mas lembrou que “liberdade plena exige responsabilidade, sobretudo seriedade.”. Fazendo referência à ditadura militar – aquela por conta da qual recebe uma pensão permanente –, disse que já houve tempos no Brasil do pensamento único, quando era proibido falar mal do governo. E emendou: “Agora estamos outra vez [nesse tempo], é proibido falar a favor. Nós mudamos do 8 para o 80 com uma facilidade enorme.” Como assim? É um desrespeito com a Cartilha que acabava de homenageá-lo. Para todos os efeitos, não deixa de ser uma revista. No sábado, falando de sua sunga, abordei aqui o sentido amplo do termo “decoro”. As palavras de Lula e de seu Leporello, dadas as circunstâncias, são indecorosas.Em primeiro lugar, comparar um período de censura com outro, em que a democracia tem vigência plena – apesar do PT, que queria Conselho Federal de Jornalismo –, é um absurdo, uma estupidez. Em segundo lugar, faz uma semana que a sua Polícia Federal constrangeu repórteres da revista Veja para aplausos do anfitrião da noite. O mesmo que estampou na capa da publicação que dirige uma estúpida reportagem dando conta de uma suposta conspiração para empurrar a eleição para o segundo turno: deve ter sido a chamada “Conspiração dos Eleitores”. Ver Dom Giovanni e Leporello dando aulas de liberdade de imprensa não é desafio para estômagos frágeis.VolteiE como é que o Leporello da Carta Capital resolveu demonstrar a sua independência? Ora, firmando um convênio com o PT. É isto mesmo: todo filiado ao partido tem direito a 50% de desconto na assinatura da revista. Não é comovente? O partido publica o link da revista em seu site (aqui), e a revista, claro, exibe o do partido, com a promoção (aqui).
Volta e meia, a petralhada pega uma matéria da Carta Capital e me envia: “Taí. Aprenda a fazer jornalismo com esta revista”. Eu??? Deus me livre!!!
É mais uma lição que nos dá este gigante do jornalismo chamado Mino Carta.
Há tempos, petistas anunciaram a intenção de ter um jornal próprio. Questionei então: ”Pra quê? O partido já tem seu órgão oficioso”.
Pois é. Passou a ser oficial. Só falta agora contratar o mascate.