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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Mais um pouco sobre a anunciada luta do PT com os evangélicos. Há teoria que explica a convocação de Gilberto Carvalho

Há gente que ficou um tanto surpresa com a intenção do PT, anunciada por Gilberto Carvalho — o homem mais poderoso no partido, depois de Lula — de disputar com os evangélicos a adesão da chamada “classe C”. Outros ainda dizem que estou forçando a barra e coisa e tal… Forçando a barra por quê? […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h38 - Publicado em 30 jan 2012, 17h04

Há gente que ficou um tanto surpresa com a intenção do PT, anunciada por Gilberto Carvalho — o homem mais poderoso no partido, depois de Lula — de disputar com os evangélicos a adesão da chamada “classe C”. Outros ainda dizem que estou forçando a barra e coisa e tal… Forçando a barra por quê? As palavras são de Carvalho, não minhas. De resto, tenho um certo histórico de acerto no que diz respeito ao partido, não é? Ainda me orgulho de ter escrito em 2002 que, se eleito, Lula seria mais, digamos assim, “conservador” na economia do que José Serra. Já disse que não acho que o PT seja “socialista” à moda antiga; ele é autoritário (à moda antiga ou moderna…). Mas sigamos.

Não há surpresa nenhuma! O objetivo do PT sempre foi se estabelecer como partido único. Isso não implica proibir ou exterminar pela via cartorial as outras legendas. O esforço é para torná-las irrelevantes. E tem sido bem-sucedido. Um de seus segredos é não ter princípios. Vale tudo para conquistar o poder e nele se manter. Querem um exemplo? Se os petistas fizerem uma aliança com Kassab, vão protegê-lo na campanha eleitoral. Se não fizerem, vão atacá-lo. Eles acham o prefeito bom ou mau? Depende… Ele estará de que lado?

Os entes políticos estão devidamente domesticados. Na imprensa, a presença já é grande, mas a crítica ainda resiste, daí o esforço de cooptação. Lula tentou o método da censura. Não deu certo. Então se vai por outro caminho: criar e sustentar a “imprensa amiga”. Está em curso. Não é o suficiente. É preciso, diz Carvalho, levar a “mídia independente” (leia-se: estatal) para os pobres que entram no mundo do consumo.

Ocorre que os evangélicos têm uma forte presença nessas fatias da população. Além da crença em Deus, há um conjunto de valores que constitui as igrejas, muitos deles opostos ao petismo. E isso explica por que, ainda que aliado a muitas correntes evangélicas hoje, o PT as considere, no médio prazo, forças a serem vencidas. Está tudo na teoria. Gramsci explicou direitinho. Ao explicar o que deve ser “O Partido” na sociedade, que ele chama “Moderno Príncipe”,  escreveu:
“O Moderno Príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que seu desenvolvimento significa, de fato, que todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio Moderno Príncipe e serve ou para aumentar o seu poder ou para opor-se a ele. O Moderno Príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e de todas as relações de costume”.

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Isso significa que também a religião só será virtuosa ou criminosa na medida em que servir para aumentar o poder do partido ou para se opor a ele. O cristianismo que se opõe ao aborto, por exemplo, se contrapõe ao PT, ao Moderno Príncipe. E é preciso vencê-lo. Uma das forças que movem a crença evangélica — o incentivo ao esforço pessoal, que não fica à espera das doações do estado — também é hostil ao “mercado de almas” onde o PT fisga os seus “fiéis”.

Há correntes evangélicas que se aproximaram do governo em busca de benefícios, especialmente na área de telecomunicações. Nesse caso, a religião é usada apenas como pretexto para bons negócios. Aquelas que realmente se ocupam da fé e dos valores cristãos estão na mira da turma que não pode admitir a existência de uma outra igreja que não “o partido”.  

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