Mais politização das águas: Jornalismo como horário eleitoral gratuito
Abaixo, escrevo um post sobre a cobertura politizada dos desastres provocados pelas chuvas. Se querem outro exemplo escandaloso, voltem ao noticiário das tragédias ocorridas em cidades do Nordeste no ano passado. Os governantes apareceram como verdadeiros heróis da resistência. Seria justa tal abordagem? Talvez… Mas por que a diferença de tratamento? Em são Paulo, as […]
Abaixo, escrevo um post sobre a cobertura politizada dos desastres provocados pelas chuvas. Se querem outro exemplo escandaloso, voltem ao noticiário das tragédias ocorridas em cidades do Nordeste no ano passado. Os governantes apareceram como verdadeiros heróis da resistência. Seria justa tal abordagem? Talvez… Mas por que a diferença de tratamento? Em são Paulo, as chuvas sempre são tratadas como uma evidência de que é preciso haver uma troca de guarda nas administrações municipal e estadual. E isso é, sim, partidarização da tragédia.
É bom que o leitor saiba como nascem algumas pautas. O que você lê nos jornais e nos sites noticiosos não cai do céu, como as chuvas. A “pauta” nasce logo cedo; às vezes, no dia anterior. Quando a minha musa de galochas – vocês sabem quem – era flagrada num protesto contra os “demotucanos” ao lado do petista Adriano Diogo, lá no Jardim Pantanal, nem ela nem ele haviam chegado ao local por acaso. Tratava-se de uma ação concertada entre imprensa, político e “lideranças da comunidade”.
Neste exato momento, os petistas estão escarafunchando a execução orçamentária em São Paulo , cidade e estado, para demonstrar que não se gastou o previsto nas obras estruturais contra as enchentes, na limpeza de bueiros, no desassoreamento de córregos etc. No geral, são números perturbados, também ele politizados, mas o “outro lado” que se vire para corrigir as distorções. Ninguém vai acreditar mesmo! Os “dados” são repassados para um repórter amigo, que “vende” a pauta numa reunião, e pronto! Tem-se uma reportagem.
Tucanos e democratas são ruins nesse ofício. Na verdade, tais partidos nem mesmo estão estruturados para fazer esse “acompanhamento”. Não conseguem ser “fontes” de jornalistas. Só são acionados pelos repórteres para fornecer o “outro lado”. No geral, são convidados a demonstrar que não são uns canalhas insensíveis.
A cobertura das enchentes em São Paulo, em suma, se transforma num desdobramento do horário eleitoral gratuito. É o PT em campanha para 2012. E fiquem também atentos a certo colunismo, que sempre entra com o seu pudoroso trabalho de apoio…