Lula, o homem do “tranco”. Ou: Da indignação
Ao decidir satanizar a oposição no horário eleitoral do PT, Lula anunciou aos seus que daria um “tranco” nos adversários. Aí não teve dúvida: de bandeirinha na lapela, mimetizou a linguagem dos pronunciamentos oficiais, e mandou brasa contra o candidato do PSDB, aquele da “turma do contra”. No seu texto, o outro virou inimigo das […]
Ao decidir satanizar a oposição no horário eleitoral do PT, Lula anunciou aos seus que daria um “tranco” nos adversários. Aí não teve dúvida: de bandeirinha na lapela, mimetizou a linguagem dos pronunciamentos oficiais, e mandou brasa contra o candidato do PSDB, aquele da “turma do contra”. No seu texto, o outro virou inimigo das “conquistas do povo brasileiro”.
Lula tem a certeza — e, em boa parte, os que a ele se opuseram nestes oito anos colaboraram para tanto — de que ele é o único ator relevante na política nacional. Assim, pode narrar a história como bem entende porque sempre conta com a anuência do público. Usa, como vimos, a sua popularidade para rebaixar as instituições. E daí?
Isso não lhe é cobrado por quase ninguém, a não ser por alguns colunistas que têm a Constituição do Brasil como referência. É por isso que os petistas costumam acusar a imprensa — só uma parte dela, claro! — de ser um “partido de oposição”, canalhice típica de quem quer, no fundo, censura.
A reação da oposição é pífia. A da campanha de Serra na TV é fraca, tudo muito abaixo do absurdo levado ao ar pelo PT — e reprisado nesta quinta. Não é a “candidatura de Serra” que foi agredida, mas o direito de haver oposição no Brasil. Um candidato governista até pode chamar seu opositor de representante da “turma do contra”; chega, a meu ver, ao limite do aceitável, mas vá lá; um governante não pode.
Se os oposicionistas contam com alguma indignação da sociedade, é preciso que demonstrem que estão realmente indignados.