LULA ESTÁ CERTO: ÀS VEZES, O CORRUPTO FINGE SER ANJO
Como é mesmo uma das frases de “Máximas de Um País Mínimo” (sábado está chegando…)? “Se Lula não existisse, jamais seria inventado”. Hoje, caros, é o Dia Internacional de Combate à Corrupção. É por isso que ontem, na véspera, Dilma Rousseff foi àquela festa do PT em homenagem aos mensaleiros do partido… Não nego: um […]
Como é mesmo uma das frases de “Máximas de Um País Mínimo” (sábado está chegando…)? “Se Lula não existisse, jamais seria inventado”. Hoje, caros, é o Dia Internacional de Combate à Corrupção. É por isso que ontem, na véspera, Dilma Rousseff foi àquela festa do PT em homenagem aos mensaleiros do partido… Não nego: um dos meus prazeres cotidianos é demonstrar o fundo falso da moral petista; é evidenciar que a sua tolerância com a bandalheira é superior à de qualquer outro grupo político, embora seus representantes posem de vestais da ética e dos bons costumes.
Vejam que grande moralista, por exemplo, é Lula. Ele envia nesta quarta ao Congresso um projeto que torna a corrupção “crime hediondo”. Ohhh!!! Que grande combatente da ética é este senhor! Antes que detalhe a sua proposta, duas perguntinhas:
1 – Que punição receberia, segundo o seu projeto, o filho do presidente da República que recebesse, em sua empresa, a injeção de R$ 10 milhões, feita por uma concessionária de serviço público, de que o BNDES é sócio?
RESPOSTA – Nenhuma! Porque isso não seria considerado um crime.
2 – Que punição receberia, segundo o seu projeto, o presidente que patrocinasse a mudança de uma lei apenas para atender a uma empresa que fizera um negócio considerado ilegal?
RESPOSTA – Nenhuma! Porque isso não seria considerado um crime.
Não falo por enigmas. No primeiro caso, refiro-me ao dinheiro que a Telemar pôs na Gamecorp, de Lulinha; no segundo, refiro-me ao Lulão mesmo, que mudou a lei da telefonia para legalizar a compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar…).
Isso é corrupção? Eu diria que se trata, quando menos, de corrupção de valores morais e éticos, não é mesmo? Dá para fazer mais perguntas. Que punição receberiam as empresas que financiassem um filme hagiográfico, de óbvio apelo eleitoral, especialmente quando boa parte delas depende da boa vontade do estado? A resposta: nenhuma de novo! Porque isso, nestas terras, é tido como coisa normal.
Que pena receberiam dirigentes de fundos de pensão que se articulassem com partidos políticos para interferir no destino de empresas privadas? Ou o que fazer com dirigentes sindicais, sustentados por um imposto, que põem a máquina que dirigem a serviço de um partido político? Nenhuma, certamente, porque isso não seria considerado corrupção.
Oportunista
O “projeto de Lula” é puro oportunismo eleitoreiro. Por que não teve essa idéia logo depois do mensalão do PT ou do dossiê dos aloprados? A fala do presidente, diga-se, trai a sua intenção, ou a revela, de maneira acachapante:
“Essa lei, espero que o Congresso discuta e aprove. Ela envolve todas as instâncias de poder no Brasil, pode ser que não resolva, mas, se o Congresso aprovar, pode ser que a gente comece a passar para sociedade a idéia de que não tem impunidade. Hoje, as pessoas vêem que o cara que rouba um pãozinho vai preso e quem rouba um milhão não vai preso. Essa consciência está muito forte nas pessoas. Não é a única saída, mas é mais um degrau na escalada de combate à safadeza com o dinheiro público no país”.
É isto: ele está interessado em “passar a idéia”… Entendi. Que o faça na boca da urna, logo depois de um escândalo que atinge um partido de oposição, é só um detalhe. Que a lei não tenha alcance para coibir a grande corrupção, bem, é outro detalhe.
Segundo o Portal G1, “o projeto prevê o aumento da pena mínima para casos de corrupção ativa e passiva, peculato e concussão (quando o corrupto pede vantagens para cumprir sua função) de dois para quatro anos para todos os servidores públicos de todas as esferas de poder, federais, estaduais e municipais. No caso de altas autoridades com poder decisório e ocupantes de cargos eletivos, o projeto eleva a pena mínima para oito anos, o crime se torna hediondo, portanto inafiançável, e abre possibilidade para prisão temporária de até 60 dias.”
A comédia involuntária do poder é sempre a parte mais saborosa para o analista. No dia em que Lula falou contra a corrupção, em que anunciou o projeto que a transforma em crime hediondo em que refletiu sobre o tema com aquele ar santo e superior a que estamos habituados, afirmou:
“A corrupção é difícil de descobrir; às vezes, o corrupto tem cara de anjo, é aquele que mais fala contra a corrupção, o que mais acusa, porque ele acha que não vai ser pego. Às vezes a arapuca pega o passarinho”.
Exceção feita à metáfora do passarinho, que saiu torta (afinal, o que faria sentido é ele dizer que, às vezes, a arapuca pega quem a armou, já que o passarinho, coitado!, como regra, é pego injustamente), concordo com Lula.
Às vezes, o corrupto finge mesmo ser um anjo.