JOSÉ ALENCAR, O ELEITOREIRO MALUQUINHO
Jose Alencar, vice-presidente, resolveu ser o velhinho maluquinho e inimputável da política brasileira. Tenho simpatia por sua luta contra o câncer, considero-o extremamente simpático, mas acho que ele abusa de um conjunto de circunstâncias para atravessar o samba. Diz, às vezes, as maiores barbaridades, e as pessoas preferem deixar pra lá. Quadra interessante está em […]
Jose Alencar, vice-presidente, resolveu ser o velhinho maluquinho e inimputável da política brasileira. Tenho simpatia por sua luta contra o câncer, considero-o extremamente simpático, mas acho que ele abusa de um conjunto de circunstâncias para atravessar o samba. Diz, às vezes, as maiores barbaridades, e as pessoas preferem deixar pra lá. Quadra interessante está em que vivemos. O presidente é um inimputável político porque ex-operário; o vice, porque enfrenta com coragem uma doença difícil e porque tem aquela pinta de avô que dá bala escondido para as crianças. Há coisa de três semanas, defendeu o direito de o Irã ter a bomba nuclear para… fins pacíficos. Ninguém deu bola. Era só o vice falando. Lula já especulou sobre as vantagens de a Terra ser quadrada. Ninguém deu bola. Era só o presidente falando. E as coisas seguem assim. Ambos também não vêem mal nenhum em fazer campanha eleitoral antecipada ou com recursos públicos. Afinal, são apenas o presidente e o vice falando…
Alencar discursou da abertura da ExpoZebu, em Uberaba, Minas. Os pré-candidatos à Presidência José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) estavam presentes. Rasgou elogios a Lula. Até aí, tudo bem. E pregou “a continuidade desse governo sério, democrático e desenvolvimentista”. Aí já é inaceitável. No máximo, poderia defender a continuidade “dos procedimentos” (se os acha bons), da “linha seguida” (se acha que está correta), mas não a “do governo”. Isso é campanha eleitoral, dado que a campanha petista está centrada na afirmação de que Dilma será a continuação de Lula.
Alencar também sentiu a inevitável necessidade faltar um tantinho com a verdade. Afirmou ter assinado um documento contra invasões de terra. Ótimo! Disse que “fora da lei, não há salvação.” Excelente! É o que eu penso. E afirmou que o trabalho de Lula em relação às invasões foi “absolutamente intransigente”. Falso como moeda de R$ 3. O governo Lula pode ter sido intransigente, sim. Mas com os proprietários de terra. Basta recuperar as boçalidades ditas por Carlos Minc, ex-ministro do Meio Ambiente. Até o ano passado, a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, chamava as críticas ao MST de “demonização dos movimentos sociais”.
O governo Lula não reprimiu as ilegalidades do MST; ao contrário: irrigou-as com dinheiro público. E nem o vice e sua grande simpatia podem mudar isso. Quanto a fazer campanha eleitoral antecipada, as leis valem para todo mundo. Para o vovô Alencar também!