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Reinaldo Azevedo

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Janene é absolvido. Confie neles!

Da Folha On Line: “O deputado federal José Janene (PP-PR), acusado de envolvimento no mensalão, foi absolvido na noite desta quarta-feira, em votação no plenário da Câmara dos Deputados. Foram 210 votos a favor da cassação e 128, contra. Para um deputado ser cassado são necessários 257 votos (metade mais um dos 513 deputados votantes). […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h56 - Publicado em 6 dez 2006, 23h40
Da Folha On Line: “O deputado federal José Janene (PP-PR), acusado de envolvimento no mensalão, foi absolvido na noite desta quarta-feira, em votação no plenário da Câmara dos Deputados. Foram 210 votos a favor da cassação e 128, contra. Para um deputado ser cassado são necessários 257 votos (metade mais um dos 513 deputados votantes). Janene foi acusado de receber R$ 4 milhões de contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Do total de 366 parlamentares votantes, houve 5 votos em branco e 23 abstenções. Não houve votos nulos. Janene era o único dos 19 parlamentares acusados de participar do mensalão que ainda não tinha sido julgado. O Conselho de Ética já havia recomendado a cassação do “mensaleiro” em junho deste ano. Dos acusados de envolvimento no esquema, foram cassados José Dirceu, Roberto Jefferson (PTB-RJ), que denunciou o mensalão, e Pedro Corrêa (PP-PE). Quatro parlamentares renunciaram para fugir do processo e 11 foram absolvidos.”

Absolvição merecidíssima, leitor. Reproduzo abaixo a coluna de Diogo Mainardi na Veja de 10 de agosto do ano passado. Chama-se “Confie em Mim”*Telefonei para o senador Eduardo Suplicy. Ele foi um dos primeiros a pedir o impeachment de Collor.Eu: Não chegou a hora de pedir o impeachment de Lula?Suplicy: Acredito que não.Eu: A gente já sabe que o governo Lula, por meio de José Dirceu, deu dinheiro porco a parlamentares, em troca de apoio político. Não é um atentado contra o Poder Legislativo? Não é matéria para um impeachment?Suplicy: José Dirceu, na Comissão de Ética, afirmou reiteradas vezes não ter sido o responsável pelo pagamento a parlamentares.Eu: O senhor acredita nele? Alguém acredita nele?Suplicy: Dou-lhe o benefício da dúvida.Telefonei para o deputado José Janene. Ele é um dos líderes do PP. Seu chefe-de-gabinete, João Cláudio Carvalho Genu, recebeu um dinheirão de Marcos Valério. Quando aderiu ao governo Lula, o PP tinha 43 deputados. Agora tem 55. Em 1º de junho de 2003, o presidente do PP, Pedro Corrêa, explicou à Folha de S.Paulo que a cooptação de parlamentares era negociada diretamente com José Dirceu: “Ele recebe a mim e ao deputado que está vindo ao partido. Também ajudam o Pedro Henry e o José Janene”.Eu: O senhor nega que o PP tenha recebido propina do governo Lula. Diz que o dinheiro de Marcos Valério foi empregado apenas para pagar dívidas de campanha eleitoral. O pagamento de dívidas de campanha eleitoral fazia parte das negociações entre o PP, os deputados cooptados pelo partido e o ministro José Dirceu em meados de 2003?Janene: Eu só posso falar sobre o assunto em “off”.Eu: Confie em mim.Janene: Em primeiro lugar, meu chefe-de-gabinete, Genu, não recebeu tudo isso que estão dizendo. Foram 600.000 reais.Eu: O pagamento desses 600.000 reais foi negociado com José Dirceu?Janene: Serei extremamente didático: sim. Foi negociado entre o presidente do partido, Pedro Corrêa, o líder do partido, Pedro Henry, e o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Na época, eu só tratava com Marcelo Sereno.Eu: Foi o próprio José Dirceu quem encaminhou o PP a Delúbio Soares?Janene: Claro. Foi ele.Eu: Espero que o PP esclareça esses fatos em breve.Janene: É o que pretendemos fazer.Eu: Tem certeza de que não posso publicar nada disso?Janene: Por enquanto, não. Pode colocar a informação numa matéria, mas sem me citar.Eu: Confie em mim.Telefonei para o senador Almeida Lima. Ninguém dá bola para ele. É um erro. Os parlamentares relutam em pedir o impeachment de Lula porque sabem que a população está com nojo deles. Se o Congresso Nacional quer recuperar um mínimo de legitimidade, deve aprovar imediatamente as propostas de emenda constitucional de Almeida Lima. Elas tiram um monte de ladrões da vida pública, reduzindo o número de senadores por estado de três para dois e o número de deputados federais de 513 para 396. Almeida Lima propõe também o corte de 25% das vagas para deputado estadual e vereador, além da abolição dos cargos de vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito.Eu: Em que pé estão suas propostas para a reforma do Estado?Almeida Lima: Não foram nem apreciadas na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.Eu: O senhor pode salvar o Congresso Nacional. Seus colegas parlamentares deveriam carregá-lo nos ombros, com uma coroa de louros.Almeida Lima: Obrigado.Eu: Confie em mim.

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