Impeachment – Cunha prometeu dar uma resposta sobre denúncia nesta segunda
Ele tem de entender que o que se espera é a decisão do presidente da Câmara, não do deputado que está tendo de acertar contas com a sua biografia
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), agora com mais uma suspeita sobre as costas — a de ter recebido R$ 45 milhões do banco BTG Pactual —, afirmou que tomaria uma decisão até o fim deste mês sobre todas as denúncias contra a presidente Dilma que estão na Câmara, incluindo aquela assinada por Hélio Bicudo, Janaina Paschoal e Miguel Reale Jr., que conta com o apoio da oposição e dos movimentos de rua. Bem, o último dia do mês é hoje.
Cunha poderia fazer um favor ao Brasil acatando a denúncia, deixando, então, que o Congresso brasileiro, ouvindo a sociedade, decida. E poderia fazer um outro favor, este à Câmara em particular, renunciado ao cargo de presidente da Casa.
Afinal, segundo o Datafolha divulgado neste domingo, o homem conseguiu a proeza de ser mais impopular do que Dilma Rousseff: nada menos de 81% dos que responderam a pesquisa acham que ele tem de ter o mandato cassado.
Seu caso certamente ajuda a minar o já sofrível prestígio do Congresso. No começo do ano, eram 50% os que achavam o desempenho dos parlamentares ruim ou péssimo; esse número caiu para 42% em junho e, agora, foi parar em 53%. Compreensível, não é? Como admirar tantos Varões de Plutarco reunidos?
Mas duvido que ele vá se deixar sensibilizar quanto à renúncia.
Em relação à denúncia contra Dilma, há sinais para todos os gostos — prevalecendo os que indicam que ele vai arquivá-la. Pessoas que lhe são próximas, no entanto, andaram dando dicas neste fim de semana que de que, descrente de que o governo possa fazer qualquer coisa por ele e ainda desconfiando de que tramam contra ele no Planalto, a resposta será “sim”.
Vamos ver. Delcídio do Amaral e André Esteves já estão aí para dividir o noticiário com ele. Será que o residente da Câmara vai chamar Dilma para ser mais uma estrela desse indesejado protagonismo?
Cunha tentou atrair a oposição para o que seria uma troca indecorosa. Esta o apoiaria no Conselho de Ética, e ele aceitaria a denúncia. Evidentemente, não foi bem-sucedido. Ele tem de entender que o que se espera é a decisão do presidente da Câmara, não do deputado que está tendo de acertar contas com a sua biografia.