Há o risco de o Taleban chegar à bomba
Por Leonard S. Spector*, YALE GLOBAL, no Estadão:Quando os presidentes do Afeganistão, Hamid Karzai, e do Paquistão, Asif Ali Zardari, se reuniram com o americano Barack Obama para discutir como sufocar a ameaça do Taleban e da Al-Qaeda, uma sombra pairava sobre o encontro: o perigo desses grupos extremistas islâmicos terem acesso a instalações nucleares […]
Quando os presidentes do Afeganistão, Hamid Karzai, e do Paquistão, Asif Ali Zardari, se reuniram com o americano Barack Obama para discutir como sufocar a ameaça do Taleban e da Al-Qaeda, uma sombra pairava sobre o encontro: o perigo desses grupos extremistas islâmicos terem acesso a instalações nucleares paquistanesas. O sucesso ou o fracasso da operação anti-Taleban, em curso no Paquistão, pode ser o primeiro indicador de qual será o risco de que isso ocorra no futuro.
Para garantir o controle dessa tecnologia, não basta trancar em lugar seguro as 80 bombas nucleares do Paquistão. Uma variedade mais ampla de dispositivos está em risco. E os extremistas têm muitas opções para tentar acessá-los.
O complexo de produção de armas atômicas do Paquistão estende-se por dez instalações. Muitas processam os materiais necessários para a fabricação de bombas – urânio e plutônio enriquecidos – e se a Al-Qaeda e o Taleban adquirissem tais materiais, poderiam montar armas nucleares.
O urânio enriquecido pode ser transformado num explosivo com um design simples e os extremistas não teriam dificuldade em fabricar uma bomba se tivessem ajuda de paquistaneses ou conseguissem uma cópia do projeto vendido para a Líbia (e provavelmente para o Irã) pela rede de contrabando de tecnologia nuclear do cientista paquistanês Qadeer Khan.
O plutônio apresenta um risco adicional. Embora seja mais difícil fabricar explosivos com ele, esse material é mais radioativo e pode ser usado em uma “bomba suja” – dispositivo que contamina o local onde foi detonado com uma partícula altamente cancerígena.
Imagens de satélite revelam que um reator de produção de plutônio está localizado numa grande cidade paquistanesa. O Taleban ou a Al-Qaeda, numa tentativa de desestabilizar o governo do país, poderiam atacá-lo. As usinas, instalações para o processamento de plutônio, depósitos de lixo radioativo e vias de transporte de materiais nucleares também são alvos em potencial.
E esses ataques não são improváveis. Em agosto, dois homens-bomba mataram 70 pessoas nos portos de uma fábrica de armas convencionais em Wash – onde se acredita que sejam armazenadas armas nucleares.
As armas paquistanesas estariam guardadas em bunkers fortificados, com seus núcleos atômicos separados dos componentes não nucleares. Mas há cenários em que as medidas de segurança seriam insuficientes.