Foro de São Paulo: Valter Pormar e as Farc
Por Diogo Schelp, de Montevidéu: Se não fosse por dois fatores, o Foro de São Paulo, um encontro anual de esquerdistas latino-americanos, seria apenas mais uma oportunidade para debater sobre medidas que jamais sairão do papel e para perpetuar a desgastada retórica de que a culpa pela pobreza latino-americana é dos Estados Unidos e do […]
Se não fosse por dois fatores, o Foro de São Paulo, um encontro anual de esquerdistas latino-americanos, seria apenas mais uma oportunidade para debater sobre medidas que jamais sairão do papel e para perpetuar a desgastada retórica de que a culpa pela pobreza latino-americana é dos Estados Unidos e do neoliberalismo. O primeiro fator que faz do Foro de São Paulo merecedor de atenção é que muitas das organizações políticas que dele fazem parte estão no poder — ou formam a base de apoio do governo — em mais de uma dezena de países da América Latina. O segundo é que o Foro tornou-se o centro de uma contradição que divide e remói a esquerda latino-americana: a incapacidade de se posicionar de maneira firme contra as violações de direitos humanos cometidas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), um grupo que esteve presente em boa parte dos dezoito anos de existência do Foro.
Equilibrando esses dois estigmas, começou nesta quinta-feira um novo encontro do Foro de São Paulo, desta vez em Montevidéu, no Uruguai (o último foi em El Salvador). O evento termina no domingo, dia 25. Em um hotel de frente para o Rio de la Plata, cerca de 30 pessoas, representantes de alguns dos principais partidos de esquerda da região, fizeram uma reunião do chamado Grupo de Trabalho – espécie de cúpula diretiva do Foro de São Paulo. A discussão foi presidida por Valter Pomar, secretário de relações internacionais do Partido dos Trabalhadores brasileiro e secretário-executivo do Foro de São Paulo. Como a entidade não tem uma estrutura hierárquica com presidente e diretores, isso faz de Pomar uma espécie de comandante-en-jefe do Foro. Logo após a reunião, que aconteceu a portas fechadas e durou pouco mais de três horas, Pomar concedeu uma entrevista à reportagem de VEJA no bar do hotel, enquanto se deliciava com as bolachinhas que acompanhavam sua xícara de café com leite.
VEJA – É verdadeira a notícia de que as Farc e o Exército de Libertação Nacional (ELN) serão impedidos de ser membros do Foro de São Paulo, a partir deste encontro em Montevidéu?
Pomar – Não existe uma filiação ao Foro. Nenhum desses grupos, portanto, pode ser chamado de membro do Foro. Basta se inscrever e vir participar. Assim como você se inscreveu e está aqui.