Esquerdas entram no vácuo criado pelos inocentes úteis e pelos inúteis nem tão inocentes
Pois é... Há quanto tempo estou alertando aqui contra os discursos irresponsáveis contra o Poder Legislativo...
A indignação do povo brasileiro depôs o governo ladravaz do PT. Mas aquele governo só foi derrubado, é bom lembrar, porque a então presidente, Dilma Rousseff, cometeu crime de responsabilidade. No lugar, segundo a Constituição, assumiu o presidente Michel Temer.
A este governo, que é necessariamente de transição, coube a difícil tarefa de criar as condições para tirar o país da maior crise econômica de sua história. E isso implica uma agenda que tem duas medidas essenciais: controlar gastos e fazer a reforma da Previdência. Isso só será feito pelo Congresso Nacional. E implicará, sim, um desgaste gigantesco para deputados e senadores.
Nos últimos tempos, assistimos a uma impressionante marcha de irresponsabilidades: de especuladores, de direitistas ensandecidos, de esquerdistas malucos e daqueles que se proclamam monopolistas da moral.
Ora, quem virou o alvo de toda essa gente? O Congresso Nacional. Ou, de forma mais genérica, “os políticos”.
Vamos aos fatos. Uma anistia que nunca existiu nem nunca existirá jogou boa parte da opinião pública potencialmente simpática ao governo Temer para uma posição de repulsa ao próprio governo, à política e aos políticos.
Aqui e ali, retóricos inflamados, irresponsáveis dos mais variados matizes, oportunistas de quinta categoria, especuladores do submundo… Todos se uniram sob uma suposta “bandeira da ética”… E estavam mobilizados contra, insisto, algo que não existe: a anistia.
No domingo, está marcada uma manifestação que, sem anistia possível, tem como alvo a corrupção e a suposta demora do governo em demitir Geddel Vieira Lima. Bem, não houve demora nenhuma. E anistia não haverá. Agora, o que se tem é, em última instância, o questionamento sobre a competência do Congresso para votar o que quer que seja.
Ora, não era essa motivação da extrema esquerda nesta terça, naquela tentativa de invadir o Congresso, promovendo incêndio, virando carros (inclusive da imprensa), partindo para o tudo ou nada? Acho que sim, né?
Quem conhece história e lógica conhece também o conceito de “aliado objetivo”. Num momento como esse, em que as esquerdas preparam um salseiro contra as reformas, a quem interessa um ato contra o Congresso?
Ora, os esquerdistas sabem que plantam em solo fértil porque a crise está aí. Convocar um movimento de indignados sem que haja mm alvo, tendo na raiz uma causa inexistente, só reforça a reação às reformas.
Entendo que ao pensamento de corte liberal — ou não esquerdista — cumpre é achar o caminho da agenda, da proposição. E se pode fazer isso sem condescender com a corrupção.
A cada vez que se aplaude um procurador que diz querer lutar boxe com o Congresso, o que se faz é, na prática, lutar contra as reformas. Porque o senhor procurador pode muito bem combater a corrupção sem atacar as prerrogativas do Poder Legislativo. Até porque todos eles sabiam, desde o começo, que a anistia era impossível. Sabem que é.
Desrespeito e agressão às instituições sempre cobram o seu preço.